terça-feira, 1 de novembro de 2016

Essa Pequena É Uma Parada

Engana-se quem pensa que as comédias insanas foram uma contribuição dos anos 1980 ao gênero: Antes das gags visuais de Jim Abrahams, David Zucker e Jerry Zucker, já se tentava fazer uma transposição da mesma linguagem aloprada dos desenhos animados de Chuck Jones (em geral, protagonizados pelo coelho Pernalonga) para o cinema live-action.
Trata-se deste “Essa Pequena É Uma Parada”, cujo título original, “What’s Up, Doc!”, já faz referência a um bordão costumeiro do Pernalonga, adotado aqui pela mocinha tresloucada interpretada por Barbra Streinsand.
É uma trama graciosamente rocambolesca, confusa até, a partir de um determinado ponto, como ocasionalmente parece ser do agrado do diretor Peter Bogdanovich (que entregou, ao longo de sua irregular carreira, algumas comédias ligeiramente malucas).
Ele parte de um qüiproquó bastante comum nas comédias de pastelão –a maleta trocada –para então bombardear o filme com uma profusão de cenas cômicas de natureza incomum, ora metalingüísticas, ora cartunescas.
O resultado quase flerta com o bizarro.
Acompanhamos assim um jovem e estabanado estudioso de rochas (Ryan O’ Neal), e sua noiva neurótica hospedados num mesmo hotel (aliás, num mesmo andar de um hotel!), de um monte de gente encrenqueira: Dois desengonçados agentes secretos a fim de roubar documentos confidenciais um do outro; uma senhora, dona de uma maleta de jóias preciosas que é de muito interesse do gerente do hotel e de seu cúmplice; e para finalizar, uma mocinha com uns parafusos à solta (Streinsand), que providencia uma série de confusões aonde quer que vá.
Para complicar tudo, todos os personagens portam maletas absolutamente idênticas, e todas contêm algo de valor para seus portadores (e, claro, todas serão eventualmente trocadas!).
Embora fosse um dos grandes astros do período, Ryan O’ Neal era um ator limitado, não fiquei satisfeito com sua atuação em nenhum de seus trabalhos que eu vi. Foram eles: “Barry Lyndon”, de Kubrick, “Caçada de Morte, de Walter Hill, e “Love Story-Uma História de Amor”, além deste daqui (ainda preciso conferir “Lua de Papel”, sua outra colaboração com Bogdanovich). Aqui isso não é diferente: Durante boa parte do filme ele passa um desconforto no papel do abestalhado Howard, que estuda rochas. Suas tentativas de fazer comédias só se sucedem bem quando ele se resigna no papel do cara que não compreende o quê se passa ao seu redor.

Já, Barbra Streinsand, por sua vez, é um caso complicado. Ela nunca foi muito bonita, mas até consegue cativar com seu personagem (embora seja perfeitamente possível pensar em diversas atrizes da época que ficariam mais legais que ela), e ajuda muito o fato de que este filme ainda não é um daqueles onde seu estrelato exerceu um peso opressor sobre a produção.

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