Engana-se quem pensa que as comédias insanas
foram uma contribuição dos anos 1980 ao gênero: Antes das gags visuais de Jim
Abrahams, David Zucker e Jerry Zucker, já se tentava fazer uma transposição da
mesma linguagem aloprada dos desenhos animados de Chuck Jones (em geral,
protagonizados pelo coelho Pernalonga) para o cinema live-action.
Trata-se deste “Essa Pequena É Uma Parada”,
cujo título original, “What’s Up, Doc!”, já faz referência a um bordão
costumeiro do Pernalonga, adotado aqui pela mocinha tresloucada interpretada
por Barbra Streinsand.
É uma trama graciosamente rocambolesca, confusa
até, a partir de um determinado ponto, como ocasionalmente parece ser do agrado
do diretor Peter Bogdanovich (que entregou, ao longo de sua irregular carreira,
algumas comédias ligeiramente malucas).
Ele parte de um qüiproquó bastante comum nas
comédias de pastelão –a maleta trocada –para então bombardear o filme com uma
profusão de cenas cômicas de natureza incomum, ora metalingüísticas, ora
cartunescas.
O resultado quase flerta com o bizarro.
Acompanhamos assim um jovem e estabanado
estudioso de rochas (Ryan O’ Neal), e sua noiva neurótica hospedados num mesmo
hotel (aliás, num mesmo andar de um hotel!), de um monte de gente encrenqueira:
Dois desengonçados agentes secretos a fim de roubar documentos confidenciais um
do outro; uma senhora, dona de uma maleta de jóias preciosas que é de muito
interesse do gerente do hotel e de seu cúmplice; e para finalizar, uma mocinha
com uns parafusos à solta (Streinsand), que providencia uma série de confusões
aonde quer que vá.
Para complicar tudo, todos os personagens
portam maletas absolutamente idênticas, e todas contêm algo de valor para seus
portadores (e, claro, todas serão eventualmente trocadas!).
Embora fosse um dos grandes astros do período,
Ryan O’ Neal era um ator limitado, não fiquei satisfeito com sua atuação em
nenhum de seus trabalhos que eu vi. Foram eles: “Barry Lyndon”, de Kubrick,
“Caçada de Morte, de Walter Hill, e “Love Story-Uma História de Amor”, além
deste daqui (ainda preciso conferir “Lua de Papel”, sua outra colaboração com
Bogdanovich). Aqui isso não é diferente: Durante boa parte do filme ele passa
um desconforto no papel do abestalhado Howard, que estuda rochas. Suas
tentativas de fazer comédias só se sucedem bem quando ele se resigna no papel
do cara que não compreende o quê se passa ao seu redor.
Já, Barbra Streinsand, por sua vez, é um caso
complicado. Ela nunca foi muito bonita, mas até consegue cativar com seu
personagem (embora seja perfeitamente possível pensar em diversas atrizes da
época que ficariam mais legais que ela), e ajuda muito o fato de que este filme
ainda não é um daqueles onde seu estrelato exerceu um peso opressor sobre a
produção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário