É provável que somente aqueles que tiveram
contato com o romance a partir do qual seu roteiro foi adaptado possam de fato
entender em sua totalidade a proposta que a dramaturgia embutida nesta trama
profundamente deprimente e sombria se presta a elaborar.
Questões acerca da real função narrativa (e
possivelmente metafórica) do mencionado ‘búfalo da noite’, ou das repercussões
envolvendo a esquizofrenia ficam completamente nebulosas diante da indecisão
hesitante da narrativa, cuja timidez parece levar o filme a acompanhar seus
personagens com restrição, distanciamento e ressalva.
Na trama, Manuel (o astro latino Diego Luna), jovem
argentino suburbano vive um complicado romance com a outrora namorada (Liz
Gallardo) de seu melhor amigo (Gabriel González), que se suicidou em
decorrência de surtos de esquizofrenia. A relação entre eles é marcada por
depressão, sentimento de culpa e sexo. Enquanto isso, flashbacks vão revelando
sua tumultuada amizade com o rapaz suicida, além de estranhas similaridades que
podem estar levando-o a trilhar o mesmo trágico destino.
Este drama, nos moldes do cinema autoral,
comiserativo e por vezes dilacerante realizado pelo mesmo roteirista Guillermo
Arriaga e sua outrora “alma gêmea cinematográfica”, o diretor Alejandro
Gonzales Iñarritu (que juntos fizeram “Amores Brutos”, “21 Gramas” e “Babel”),
carece da qualidade dos títulos mais importantes que eles realizaram. Isso certamente
se deve à ausência de Iñarritu neste projeto, com quem Arriaga veio a se desentender.
O novo diretor Jorge Hernandez Aldana não dispõe de toda a compreensão
narrativa de Iñarritu, fazendo com que os erros em sua direção fiquem evidentes
(talvez, tenha sido a frustração para com este projeto que tenha levado
Arriaga, em seu trabalho seguinte, a assumir, ele próprio, a direção, o quê
resultado no bastante superior “Vidas Que Se Cruzam”).
Dispersa, a trama é pouco evidenciada o que
gera inúmeras sequências vazias de significado, dando margem a um sem-fim de
cenas de nudez e sexo que não parecem ter maiores conexões com a história, e
ainda comprometem um bocado a empatia com seu protagonista: Mesmo com seu
melhor amigo tendo cometido suicídio, o cara além de transar com a antiga
namorada do infeliz, transa também com a irmã dele (!).
As atrizes, ao menos, são
lindas.
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