quinta-feira, 30 de março de 2017

Força Sinistra

Quem era adolescente em 1986, quando foi lançada nos cinemas a ficção científica de terror “Força Sinistra” dificilmente conseguiu tirar da memória a imagem de uma escultural Mathilda May caminhando completamente nua pelo cenário, ainda que, no contexto e no fim das contas, ela representasse a encarnação do mal.
O apelo erótico da atriz é a forma como muitos conseguem olhar, com mais indulgência, para este filme que hoje, certamente muito mais do que na época, pode-se notar ser uma salada de efeitos especiais baratos, alienígenas, vampiros, mortos-vivos e um prenúncio do fim do mundo.
Ainda que sua primeira metade, mais caprichada e instigante, apontasse na direção de algo muito melhor.
Pegando uma bela carona na repercussão do cometa Halley (que passava pela Terra naquela mesma época), a trama mostra a tripulação de uma nave espacial prestes a interceptar o cometa que, com a proximidade, revela-se também ele, uma nave espacial. Lá dentro, além de carcaças alienígenas, três corpos misteriosamente humanos. Dois homens e uma mulher (Mathilda May, um desbunde). Trazida para a Terra, ela desperta e mostra-se capaz de absorver violentamente a energia daqueles homens que a tocam.
Único sobrevivente da nave que a trouxe do espaço, o Coronel Tom Carsen (Steve Railsback, um ator típico de filmes B que em 2000 protagonizou “Ed Gein-O Serial Killer”) sabe que ela tem poder para subjugar e por fim à raça humana, e por isso tenta detê-la.
Restrições orçamentárias do período devem ter impedido que o filme mantivesse os elevados valores de produção que ele sugere em sua primeira metade, o quê pode vir a explicar a redundante guinada que ele dá quando se encaminha para uma conclusão: Se o filme do diretor Tobe Hooper (um diretor de filmes de terror de baixo orçamento, e já está aí a dica!) começa muito bem, com um clima tenso e elegante que remete a “Alien” –e os produtores picaretas Menahem Golan e Yoram Globus não contrataram o mesmo roteirista daquele filme, Dan O’ Bannon, à toa –ele lança mão de outros subterfúgios depois de um tempo, convertendo-se espontaneamente em um filme de terror fuleiro e redundante, comprometendo o que poderia ter sido sensacional.
Eis um caso de equívoco que poderia ser espetacularmente corrigido em uma providencial refilmagem.

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