Quem era adolescente em 1986, quando foi lançada
nos cinemas a ficção científica de terror “Força Sinistra” dificilmente
conseguiu tirar da memória a imagem de uma escultural Mathilda May caminhando
completamente nua pelo cenário, ainda que, no contexto e no fim das contas, ela
representasse a encarnação do mal.
O apelo erótico da atriz é a forma como muitos
conseguem olhar, com mais indulgência, para este filme que hoje, certamente
muito mais do que na época, pode-se notar ser uma salada de efeitos especiais
baratos, alienígenas, vampiros, mortos-vivos e um prenúncio do fim do mundo.
Ainda que sua primeira metade, mais caprichada
e instigante, apontasse na direção de algo muito melhor.
Pegando uma bela carona na repercussão do
cometa Halley (que passava pela Terra naquela mesma época), a trama mostra a
tripulação de uma nave espacial prestes a interceptar o cometa que, com a
proximidade, revela-se também ele, uma nave espacial. Lá dentro, além de
carcaças alienígenas, três corpos misteriosamente humanos. Dois homens e uma
mulher (Mathilda May, um desbunde). Trazida para a Terra, ela desperta e
mostra-se capaz de absorver violentamente a energia daqueles homens que a
tocam.
Único sobrevivente da nave que a trouxe do
espaço, o Coronel Tom Carsen (Steve Railsback, um ator típico de filmes B que
em 2000 protagonizou “Ed Gein-O Serial Killer”) sabe que ela tem poder para
subjugar e por fim à raça humana, e por isso tenta detê-la.
Restrições orçamentárias do período devem ter impedido
que o filme mantivesse os elevados valores de produção que ele sugere em sua
primeira metade, o quê pode vir a explicar a redundante guinada que ele dá
quando se encaminha para uma conclusão: Se o filme do diretor Tobe Hooper (um
diretor de filmes de terror de baixo orçamento, e já está aí a dica!) começa
muito bem, com um clima tenso e elegante que remete a “Alien” –e os produtores
picaretas Menahem Golan e Yoram Globus não contrataram o mesmo roteirista
daquele filme, Dan O’ Bannon, à toa –ele lança mão de outros subterfúgios
depois de um tempo, convertendo-se espontaneamente em um filme de terror
fuleiro e redundante, comprometendo o que poderia ter sido sensacional.
Eis um caso de equívoco que
poderia ser espetacularmente corrigido em uma providencial refilmagem.
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