Integrante do movimento da Nova Hollywood,
Monte Hellman realizou este faroeste nos anos 1960, quando da produção vigente,
quando muito, aponta para o estilo mais despojado e popular dos faroestes
spaghetti –seu filme tem uma orientação assumidamente clássica, de contornos
até mesmo intimistas, bebendo menos da fonte de Sergio Leone, e mais de
diretores como John Ford e Howard Hawks (influências que, se prestarmos
atenção, já surgem em seu mais famoso filme, o contracultural “Corrida Sem
Fim”).
Curioso notar que o próprio Jack Nicholson é,
aqui, roteirista –e sai-se muito bem nessa função, uma vez que o roteiro, de
sensata simplicidade, mas com incomum avanço narrativo, é um dos trunfos da
produção.
Não obstante a demanda cada vez menor desse
gênero naquele período, Nicholson ainda fez outros faroestes como “Duelo de
Gigantes” (ao lado de Marlon Brando), “Com A Corda No Pescoço” (que ele próprio
dirigiu) e o cult “Tiroteio” realizado com o mesmo Monte Hellman na primavera
de 1965, praticamente simultâneo à este filme.
Aqui, seu personagem é Wes, um cowboy que, ao
lado de dois amigos, Otis (Cameron Mitchell) e Warren, após uma exaustiva
viagem à cavalo e diante da suspeita de índios selvagens à espreita nas
redondezas, pedem pousada numa cabana caindo aos pedaços, habitada por um certo
Blind Dick (Harry Dean Stanton) e seu ‘grupo de amigos’ –mal sabem eles que
esses são um bando de foras-da-lei procurados pelo assalto a uma diligência.
Ao amanhecer do dia a cabana está cercada, e os
três incautos viajantes são tomados como parte do bando. No caos que se segue,
Warren corre logo de imediato e, enquanto a maioria dos perseguidores se ocupa
dos bandidos de fato, Wes e Otis saem em fuga pelas colinas que compõe a cadeia
de montanhas.
Eles chegam a uma residência isolada nos
arredores, e não encontram alternativas senão a de sitiar os moradores (o velho
pai, a mãe e a jovem filha) até que possam descansar e se alimentar.
O perigo ronda por todos os lados e, uma vez
que a alcunha de criminosos pesa sobre eles, não mais conseguirão se livrar
dela.
Se há um caráter revisionista neste cult
promovido por Monte Hellman –que nele embute uma narrativa habitualmente
impregnada de existencialismo e melancolia –ele certamente responde pelos tons
de cinza conferidos aos personagens e à trama que parece questionar as
infalíveis posturas morais adotadas no Velho Oeste, para mostrar que a verdade,
a culpa e a inocência podem ser conceitos escorregadios, enquanto registra o que
pode ser considerado o nascimento de um fora-da-lei.
O desfecho do filme é
amargo e se isenta do maniqueísmo em apontar heróis ou vilões, algo bastante
adequado ao perfil de Monte Hellman como artista.
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