segunda-feira, 17 de abril de 2017

Creed - Nascido Para Lutar

A série “Rocky” já mostrou-se bastante longeva, e esse aspecto foi explorado ao máximo por seu criador e intérprete Sylvester Stallone.
Depois do ótimo “Rocky Balboa”, de 2006, parecia que a franquia tinha chegado à um final digno e condizente.
Não deixa de ser verdade.
Porém, o promissor diretor e roteirista Ryan Coogler (do notável “Fruitvale Station”) tinha outros planos: Ele almejava fazer uma espécie de derivado de “Rocky”, centrado num personagem, Adonis (vivido por Michael B. Jordan, presença recorrente nos filmes de Coogler), que seria filho de Apollo Creed (interpretado por Carl Weathers nos quatro primeiros filmes da série) e que contaria, providencialmente, com a luxuosa presença de Rocky, pela primeira vez como coadjuvante, mas um coadjuvante de peso emocional e significativo na narrativa –um daqueles casos em que o personagem, da maneira como é escrito, representa quase um presente para o ator.
A trama segue então os passos de Adonis, filho bastardo de Apollo, mas que nunca conheceu o pai –em vez disso, passou quase a infância, indo de um reformatório a outro.
Adotado pela viúva de Apollo depois que este morre (mais, precisamente, em “Rocky 4”), Adonis cresce e resolve abraçar o legado da família: As lutas de boxe.
Mas, ele tem muito o que provar antes de assumir a pesado herança do nome de seu pai. Com isso em mente, ele passa a treinar com o homem que Apollo mais confiou em vida, o campeão Rocky Balboa.
A direção de Coogler, ao mesmo tempo em que revela competência na forma com que estabelece a premissa, não busca arroubos de reinvenção, pelo contrário, sua narrativa é bastante reverente aos filmes anteriores da franquia, obedecendo sua estrutura, concebendo cenas que se sucedem com familiaridade às que vimos em praticamente todos os outros filmes e que só não caem no ingrato terreno da repetição, porque Coogler é talentoso de fato e sabe dar a elas o devido ímpeto de inovação e diferenciação.
No elenco, Jordan está muito bem –até consegue ficar parecido com Weathers em algumas cenas –assim como também está ótima a bela Tessa Thompson, no papel da mulher que ele ama (e que pode ganhar mais importância na provável continuação), já, Rocky é um caso à parte: Na atuação de Stallone, o personagem parece como uma vestimenta que nele se encaixa de modo confortável: Timing, maneirismos, trejeitos e inflexões de Rocky são características com as quais ele demonstra saber trabalhar com parcimônia e dosagem acertada, justificando a indicação para o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante que ele recebeu eu 2016 –e que, infelizmente para alguns, não concretizou-se em vitória, tendo Stallone perdido para Mark Rylance, de “Ponte dos Espiões”.

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