A série “Rocky” já mostrou-se bastante longeva,
e esse aspecto foi explorado ao máximo por seu criador e intérprete Sylvester
Stallone.
Depois do ótimo “Rocky Balboa”, de 2006, parecia que a franquia tinha
chegado à um final digno e condizente.
Não deixa de ser verdade.
Porém, o promissor diretor e roteirista Ryan
Coogler (do notável “Fruitvale Station”) tinha outros planos: Ele almejava
fazer uma espécie de derivado de “Rocky”, centrado num personagem, Adonis
(vivido por Michael B. Jordan, presença recorrente nos filmes de Coogler), que
seria filho de Apollo Creed (interpretado por Carl Weathers nos quatro
primeiros filmes da série) e que contaria, providencialmente, com a luxuosa
presença de Rocky, pela primeira vez como coadjuvante, mas um coadjuvante de
peso emocional e significativo na narrativa –um daqueles casos em que o personagem,
da maneira como é escrito, representa quase um presente para o ator.
A trama segue então os passos de Adonis, filho
bastardo de Apollo, mas que nunca conheceu o pai –em vez disso, passou quase a
infância, indo de um reformatório a outro.
Adotado pela viúva de Apollo depois que este
morre (mais, precisamente, em “Rocky 4”), Adonis cresce e resolve abraçar o
legado da família: As lutas de boxe.
Mas, ele tem muito o que provar antes de
assumir a pesado herança do nome de seu pai. Com isso em mente, ele passa a
treinar com o homem que Apollo mais confiou em vida, o campeão Rocky Balboa.
A direção de Coogler, ao mesmo tempo em que
revela competência na forma com que estabelece a premissa, não busca arroubos
de reinvenção, pelo contrário, sua narrativa é bastante reverente aos filmes
anteriores da franquia, obedecendo sua estrutura, concebendo cenas que se
sucedem com familiaridade às que vimos em praticamente todos os outros filmes e
que só não caem no ingrato terreno da repetição, porque Coogler é talentoso de
fato e sabe dar a elas o devido ímpeto de inovação e diferenciação.
No elenco, Jordan está
muito bem –até consegue ficar parecido com Weathers em algumas cenas –assim como
também está ótima a bela Tessa Thompson, no papel da mulher que ele ama (e que
pode ganhar mais importância na provável continuação), já, Rocky é um caso à
parte: Na atuação de Stallone, o personagem parece como uma vestimenta que nele
se encaixa de modo confortável: Timing, maneirismos, trejeitos e inflexões de
Rocky são características com as quais ele demonstra saber trabalhar com
parcimônia e dosagem acertada, justificando a indicação para o Oscar de Melhor
Ator Coadjuvante que ele recebeu eu 2016 –e que, infelizmente para alguns, não
concretizou-se em vitória, tendo Stallone perdido para Mark Rylance, de “Ponte
dos Espiões”.
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