É mais ou menos o mesmo princípio que orienta
este “Frankenstein de Mary Shelley”, de 1994, que Coppola não dirigiu, mas
assinou a produção ao lado de James Hart (roteirista de “Drácula de Bram
Stoker”), deixando a direção a cargo do talentoso Kenneth Branagh.
Assim como em suas celebradas adaptações de
Willian Shakespeare (“Henrique V”, “Muito Barulho Por Nada” e, mais tarde, "Hamlet") o diretor reservou também o papel de protagonista, o Dr. Victor Frankenstein, para si.
Mas a grande surpresa vinha na escalação da
Criatura: Ninguém menos do que Robert De Niro encarnando uma versão desigual e
cientificamente mais plausível da Criatura imortalizada na figura de Boris
Karloff.
A trama inicia-se em 1794, quando o capitão
Walton (Aidan Quinn) encontra, ensandecido e catatônico, o Dr. Frankenstein
perdido em algum lugar das geleiras do Ártico. A fim de elucidar sua misteriosa
e alarmante presença ali, Frankenstein recorda de quando ingressou na carreira
científica e foi tomado por uma obsessão sem par: A de criar vida a partir de
experiências com partes de corpos humanos.
Em seu impulso unilateral e inescrupuloso de
contrariar a morte, ele acabou dando vida a uma Criatura que com o tempo
ressentiu-se de uma condição solitária e rejeitada e se descontrolou,
revelando-se um monstro.
A direção de Branagh se deleita com os vastos
recursos técnicos que tem a disposição (figurino exuberante, direção de arte
suntuosa, fotografia prodigiosa), mas não sabe controlar a voltagem desses
excessos a fim de evidenciar o quê seu filme tem de realmente singular –e que
parece resumir-se ao registro peculiar e expressivo proporcionado por De Niro.
O filme resulta num espetáculo de ritmo
histérico, oscilante e claudicante, esquizofrênico na maneira com que trata as
várias facetas da trama e duvidoso na ênfase que confere ao seu esmero visual.
Numa comparação com o preciso “Drácula de Bram
Stoker” concebido por Coppola, sai perdendo de lavada.
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