domingo, 16 de abril de 2017

1492 - A Conquista do Paraíso

Em 1992, a façanha de Cristovão Colombo ao encontrar as terras do Novo Mundo completou seus cinco séculos.
Para aproveitar tal data, naquele ano, dois filmes lançados versavam em torno desse tema: Um, “Cristovão Colombo-A Aventura do Descobrimento”, de John Glenn, chamava a atenção por seu elenco estelar (tinha Marlon Brando e uma ainda iniciante Catherine Zeta-Jones) e por ter um roteiro escrito por Mario Puzo.
Já o outro, este “1492-A Conquista do Paraíso”, de Ridley Scott, chamava de pronto a atenção por ser um projeto grandioso e arriscado, sem financiamento de quaisquer grandes estúdios norte-americanos –o quê fez dele a maior produção independente da história até então.
Um diretor conhecido pela audácia de seus projetos, Scott abraçou a megalomania inerente a este tipo de obra e concebeu um trabalho pulsante repleto de momentos extraordinários e inspirados (como o ataque de índios promovido à fortificação na parte final) e outros tantos claudicantes e irregulares.
Embora ostente uma quase sempre imponente identidade visual, o trabalho de Scott ao oscilar entre um conformismo clássico e um ocasional arrojo estético, se revela um trabalho aquém do nível qualitativo a que ele havia acostumado seu público: Ele vinha do sucesso de “Thelma & Louise” e, apesar do reconhecimento por “Alien” e “Blade Runner”, a década de 1990 representaria um período de declínio criativo que ele só viria a superar em 2001, com “Gladiador”.
Voltemos, contudo, a este filme: Ridley Scott nos narra a vida e o idealismo de Cristovão Colombo (Gerard Depardieu, soberbo), filho de tecelão genovês, navegador e o notório descobridor da América, que para singrar o mundo e provar que a Terra era redonda (!), desafiou a Coroa Espanhola (personificada na Rainha Isabel, a Católica, vivida com classe por Sigourney Weaver e no Tesoureiro Sanchez, interpretado astutamente por Armand Assante) e o Vaticano (Padre Antônio de Marchena, vivida por Fernando Rey, ator de diversos filmes de Buñuel), e acabou por descobrir um novo continente enquanto tentava encontrar uma nova rota para as Índias, via Ocidente.
Apesar disso, ele terminou esquecido pelos nobres da época.
Ridley Scott resgata a lembrança de seu legado neste filme envolto em todas as qualidades intrínsecas dele como cineasta (visual bem trabalhado e acachapante, competente direção de atores, rigor cênico, vigor histórico narrativo), mas prejudicado por um roteiro redundante que perde força a medida que deixa o momentos vultuosos da jornada de seu protagonista para trás.

Não está entre as maiores obras de Scott, mas não é, de maneira alguma, uma produção digna de indiferença. 

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