domingo, 30 de abril de 2017

Subway

Nem todas as obras de Luc Besson eram exemplos irrepreensíveis de primor cinematográfico: Algumas eram mais como bem-vindos sopros de ar fresco, e audácia estética, num mar de modorrento simplismo que era o circuito comercial, mesmo o europeu, ainda que fossem ocasionalmente, obras bastante inconseqüentes, indicativas da juventude e ingenuidade de seu realizador.
Na verdade, esse era o caso da maioria de suas obras.
É um pouco dessa juventude, ávida por inconseqüência, de que fala “Subway”.
Jovem fugitivo (Christopher Lambert, algo desleixado em sua atuação), apaixonado por garota rica francesa (Isabele Adjani, linda e inusitada), busca refúgio da polícia e dos capangas do pai dela, após uma brusca perseguição de carros, nos subterrâneos labirínticos do metrô de Paris, onde ele descobre toda uma comunidade de seres estranhos que vivem numa sociedade própria ali, sem nunca visitar a superfície. O estilo rocambolesco de ação estilizada que é próprio de Luc Besson mais uma vez serve para emoldurar uma história sobre personagens excêntricos e particulares, como é bem ao seu gosto, e no qual ele encontra uma linguagem das mais charmosas –e que não tardou a interferir em filmes também norte-americanos.
Neste filme um tanto estranho de se generalizar onde destaca-se a beleza acachapante de Isabelle Adjani, a condução de Besson parece se mostrar propositadamente frouxa dando um acabamento de humor a muitas das soluções de roteiro, o quê conduz inevitavelmente ao tipo de final, algo aberto e desconcertante, com os quais Besson costumava encerrar seus filmes.

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