sexta-feira, 14 de abril de 2017

Swimming Pool - À Beira da Piscina

O cinema de François Ozon é quase sempre um cinema de oposições que se revelam complementares, de ambientes inertes transformados pelo ímpeto e de personalidades insondáveis com motivações ambíguas.
Este brilhante “Swimming Pool” é seu primeiro trabalho em língua inglesa, o quê pouco, no final das contas quer dizer: Não significa que Ozon, cedeu aos caprichos do cinema norte-americano, nem que foi filmar em Hollywood, e nem tampouco que abandonou seus temas autorais e abstratos.
Mas, que filmaço de suspense ele fez!
A magnífica Charlotte Rampling é Sarah Morton, escritora inglesa de livros policiais de sucesso. Ávido pelo próximo romance, John seu editor (Charles Dance) lhe empresta sua casa de veraneio, localizada no sul da França, para que lá Sarah tenha tranqüilidade o suficiente para terminar o novo livro.
Sarah não contava, porém, com a chegada de Julie (Ludivine Sagnier, jovem, linda e insinuante, um contraponto interessante à beleza madura de Charlotte), a filha rebelde de John.
As duas têm, em princípio, uma indisposição que se alastra ao longo dos dias, reforçada pelo desleixo e promiscuidade da jovem –ela trás, praticamente, um novo parceiro por noite para sua cama!
Aos poucos, porém, uma empatia vai surgindo, estreitada, sobretudo, por um segredo fatídico que irá uni-las.
Grande diretor que é, a condução de Ozon prima por uma noção apurado de ritmo e atmosfera –como toca a muitos diretores franceses, o suspense surge em cena com tal sutileza que os consumidores de filmes americanos devem estranhar essa suavidade, entretanto, este é um filme brilhantemente bem arranjado e saboroso de se acompanhar, com duas atrizes que são, cada uma a seu modo, um deleite para o expectador.
A bela Ludivine Sagnier ostenta a impetuosidade e a imprevisibilidade necessária para os rumos que a trama toma, e seu corpo nu –a exemplo do que Ozon fez, anos depois, com Marine Vacth em “Jovem & Bela” –é um fetiche a mais para as câmeras: Pode-se dizer que, de uma certa maneira subversiva, ela é a femme fatale do filme.
Já, a grande Charlotte Rampling mostra a esplêndida e destemida atriz que é, num papel que exige auto-controle, competência e desenvoltura –todas características que ela tem de sobra.
Um filme brilhante, de um grande diretor, agraciado com a presença de duas belas e maravilhosas atrizes, com um desfecho inusitado que –como alguns dos grandes suspenses do cinema –o fará rever o filme inteiro na memória (ou até assisti-lo novamente), na tentativa de encontrar a resposta para um enigma que só no final descobrimos que estava lá.

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