segunda-feira, 8 de maio de 2017

O Apartamento

Engenhoso o roteiro deste drama francês que vai ficando mais envolvente à medida que vai deixando de ser a enfadonha trama de tormento romântico de sua primeira metade para converter-se em algo diferente quando novas revelações e novos personagens dão rumo inesperado à história.
Vincent Cassel e sua esposa na vida real, a estonteante Monica Bellucci formam um casal também em cena. Ele é Max. Ela, Lisa. Ele fica obcecado por ela (e quem não ficaria?), mas com o tempo a conquista.
Porém, em algum momento e de alguma forma que não fica clara –não pelo menos até que essa informação seja necessária –Lisa o deixa. Tudo isso é revelado por flashbacks, pois o presente no qual encontramos Max é bem outro: Ele é agora um executivo, tem importância profissional e um relacionamento aparentemente estável.
Mas, a relação com Lisa não foi superada.
Ele a revê num café, onde se dá uma breve reunião de negócios. Ela fala a alguém num telefone e ao sair, sem enxergar Max, deixa para trás a chave de um apartamento.
A partir desse fio condutor, Max vai atrás da única pista que lhe parece real para encontrar Lisa e descobrir o porquê do sumiço abrupto dela de sua vida.
As coisas, porém, não serão nada simples: A introdução de um terceiro vértice que transformará este em um triângulo amoroso (a personagem de Alice vivida por Romane Bohringer, que nem fomos capazes de perceber, mas já estava lá desde o começo do filme!) dará um novo enfoque a tudo o que se passou, ao mesmo tempo em que aproxima este filme de certos elementos oriundos do cinema de Hithccock –em especial, o psicopata (ou algo muito próximo de uma psicopatia) ao qual é atribuída certa simpatia da narrativa, não obstante o fato de elaborar estratagemas para manipular pessoas e prejudicar outras vidas ou, no caso, outro relacionamento.
Se a explicação parece nebulosa é por que é imperativo salvaguardar certas informações a fim de preservar algumas surpresas muito bem-vindas que surgem quando menos esperamos neste interessante trabalho do diretor Gilles Mimouni –muito mais válido por seu roteiro inventivo e curioso do que pela habilidade da direção.
Cheio de exageros estéticos e opções narrativas discutíveis, típicos das afetações dos anos 1990, é um filme que, ainda assim, encontra um meio de se tornar interessante.

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