sábado, 13 de maio de 2017

O Espetacular Homem-Aranha

Houve uma perceptível intenção em deixar de lado a leveza adotada por Sam Raimi nos três filmes anteriores protagonizados por Tobey Maguire neste reinício da saga do famoso personagem da Marvel.
Adotando um enfoque mais austero (e em alguns aspectos, mais fiel aos quadrinhos), o diretor Marc Webb (que entregou um belíssimo trabalho em “500 Dias Com Ela”, o quê deve ter lhe abalizado para esta empreitada) constrói uma narrativa que não parece tão interessada no tom descontraído da Marvel (com humor onipresente), mas sim num clima mais sombrio e realista, remetendo à Christopher Nolan e sua reinvenção de “Batman”.
Nem sempre isso combina satisfatoriamente com o personagem do Homem-Aranha, mas até que este primeiro filme tinha alguns elementos interessantes para que o público não saísse indignado de dentro da sessão.
Retomando uma vez mais uma história de origem –mas, alterando um bocado os fatos, e dando muito mais ênfase no mistério em torno dos pais do protagonista –o filme acompanha os primeiros passos do herói.
O colegial Peter Parker (Andrew Garfield, esmerado ainda que mais afetado que Tobey Maguire) é orfão (perdeu os pais, Richard e Mary Parker, num nebuloso acidente e desde então vive com os tios Ben e May Parker), nerd (e como todos sofre nas mãos dos valentões da escola) e apaixonado pela bela colega Gwen Stacy (Emma Stone, disparado a melhor coisa do filme) –e sendo franzino e tímido não encontra coragem para abordá-la.
Suas investigações atrás de respostas sobre seu pai o levam até as Indústrias Oscorp, onde Peter é acidentalmente mordido por uma aranha geneticamente modificada, o quê mais tarde, lhe confere fabulosos poderes, por meio dos quais ele se tornará o vigilante mascarado conhecido como Homem-Aranha.
Provavelmente de forma involuntária, este novo filme lembra também uma outra produção a adaptar um personagem de Marvel –o desigual, curioso e incompreendido “Hulk”, de Ang Lee.
Como aquele trabalho, este daqui reinventa seu protagonista em excesso, atribui novas motivações, omite elementos que julga repetitivos, acrescenta outros que soam desnecessários (a insistente trama de mistério que envolve os pais do protagonista), e ousa manipular aspectos que envolvem a mecânica da gênese de seus poderes: Nada disso melhora o filme, pelo contrário, o afasta das características que tornam o personagem tão interessante.

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