O terreno das comédias e dos romances –e sua
miscelânea, as comédias românticas –têm particular interesse no registro dos
relacionamentos modernos.
O cinema mais descontraído e comercial
esbaldou-se, ao longo dos anos, com registros bem-humorados dessas
transformações de comportamento –que o digam clássicos do gênero, como
“Adivinhe Quem Vem Para Jantar”.
Atualmente, embora nossa sociedade apresente
uma certa inércia em termos de mudanças comportamentais, ocorre uma ou outra
característica que reflete o nosso tempo.
E, no que diz respeito, a tentar adaptar-se da
melhor forma possível às complicações do sexo, o ser humano está sempre
tentando.
A idéia do relacionamento aberto, sem vínculos
de obrigação entre duas pessoas, mas sob o acordo de proporcionar prazer ao seu
par sempre que requisitado, não é assim tão nova (na verdade, ela não é nem um
pouco nova!), mas ela certamente adquiriu novos recursos e novos propósitos com
o advento das mídias digitais, dos celulares e da velocidade da informação em
si –que, acima de tudo, transformou essencialmente os relacionamentos.
É o ponto de partida deste filme que –sinal dos
tempos –não foi o único, naquele ano, a tratar desse assunto; também a comédia
“Sexo Sem Compromisso”, com Ashton Kutcher e Natalie Portman, abordou o mesmo
assunto, porém, de maneira risível e sem talento.
Este revela-se um filme muito melhor.
Ambos desiludidos com suas histórias de amor
recentes, uma caça-talentos nova-iorquina (MIla Kunis, linda e cativante) e um
diretor de arte vindo de L.A. (o engraçado Justin Timberlake) fazem uma
combinação: Usufruir juntos dos benefícios do sexo permanecendo os bons amigos
que são. Aos trancos e barrancos, e com as ocasionais complicações, eles vão
levando seu acordo da forma mais descompromissada possível, mas ainda sim, aos
poucos, um relacionamento real começa a surgir.
Com essa premissa e um
ímpeto de observação espirituoso e perspicaz acerca das relações modernas e dos
hábitos singulares dos moradores de uma metrópole, o diretor de "A
Mentira", Will Gluck, elabora uma obra com intenções mais amplas que o seu
bom trabalho anterior, mas, entrega no final, um entretenimento afável e romântico
muito beneficiado pelo esperto entrosamento de seu casal central.
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