A trajetória do diretor Joe Wright, no cinema,
passeou por inúmeros gêneros, revelando sempre certa habilidade e entendimento
acerca da linguagem cinematográfico que norteia, de diferentes formas, as
categorias de filmes: Ele mostrou-se sensível no romance “Orgulho e Preconceito”
(talvez, seu melhor filme), taxativo e comiserativo em “Desejo e Reparação”,
rebuscado e extremamente afoito às analogias técnicas em “Anna Karenina”.
Em 2015, ele aventurou-se em filmes mais
comerciais com a produção “Peter Pan”, embora já tenha feito algumas experiências
com esse gênero (ação e aventura) com o não muito lembrado “Hanna”.
O filme tinha tudo para ser ótimo –e ruim, de
fato, ele não é! –embora não tenha caído nas graças de público e crítica: É bem
dirigido, conta com um elenco notável e uma história suficientemente
envolvente.
Sua protagonista é a talentosíssima Saiorse
Ronan (que o próprio Wright revelou, ainda bem jovem, em “Desejo e Reaparação”)
mostrando o quanto amadureceu no papel desafiador da jovem Hanna, uma garota crescida
numa solitária cabana de uma longínqua floresta do Círculo Ártico, e treinada
extenuamente pelo pai (Eric Bana, excelente).
Ainda uma adolescente (e como tal, alternando
sua reação entre galhofa, assombro e lucidez da descoberta desse novo mundo)
Hanna toma, certo dia, a decisão de abraçar seu destino, que aparentemente é
vingar-se do assassinato de sua mãe matando a mulher responsável, a agente
secreta Marissa Weigler (Cate Blanchett, imbuída de vilania e classe).
Mas, no percurso dessa atribulada missão, a
garota descobrirá outras coisas, além de novas relações, opções e escolhas de
vida que antes desconhecia.
Com seu traquejo narrativo testado em diversos
outros projetos, Wright proporciona uma incomum envergadura dramática a este
filme notável, agraciado com um inspiradíssimo elenco onde certamente
destaca-se a sensacional Saiorse Ronan numa evolução clara e notável em relação
ao trabalho (já ele bastante impressionante) que ela entregou como Brionny em “Desejo
e Reparação”.
A formidável cena final
mostra a heroína fechando o seu ciclo pessoal de vingança e desferindo assim um
tiro no rosto de sua antagonista –e que, na maneira como a cena é registrada,
acaba sendo também um tiro no rosto do expectador: Uma referência de Joe Wright
à “Tropa de Elite”, talvez.
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