segunda-feira, 26 de junho de 2017

Hanna

A trajetória do diretor Joe Wright, no cinema, passeou por inúmeros gêneros, revelando sempre certa habilidade e entendimento acerca da linguagem cinematográfico que norteia, de diferentes formas, as categorias de filmes: Ele mostrou-se sensível no romance “Orgulho e Preconceito” (talvez, seu melhor filme), taxativo e comiserativo em “Desejo e Reparação”, rebuscado e extremamente afoito às analogias técnicas em “Anna Karenina”.
Em 2015, ele aventurou-se em filmes mais comerciais com a produção “Peter Pan”, embora já tenha feito algumas experiências com esse gênero (ação e aventura) com o não muito lembrado “Hanna”.
O filme tinha tudo para ser ótimo –e ruim, de fato, ele não é! –embora não tenha caído nas graças de público e crítica: É bem dirigido, conta com um elenco notável e uma história suficientemente envolvente.
Sua protagonista é a talentosíssima Saiorse Ronan (que o próprio Wright revelou, ainda bem jovem, em “Desejo e Reaparação”) mostrando o quanto amadureceu no papel desafiador da jovem Hanna, uma garota crescida numa solitária cabana de uma longínqua floresta do Círculo Ártico, e treinada extenuamente pelo pai (Eric Bana, excelente).
Ainda uma adolescente (e como tal, alternando sua reação entre galhofa, assombro e lucidez da descoberta desse novo mundo) Hanna toma, certo dia, a decisão de abraçar seu destino, que aparentemente é vingar-se do assassinato de sua mãe matando a mulher responsável, a agente secreta Marissa Weigler (Cate Blanchett, imbuída de vilania e classe).
Mas, no percurso dessa atribulada missão, a garota descobrirá outras coisas, além de novas relações, opções e escolhas de vida que antes desconhecia.
Com seu traquejo narrativo testado em diversos outros projetos, Wright proporciona uma incomum envergadura dramática a este filme notável, agraciado com um inspiradíssimo elenco onde certamente destaca-se a sensacional Saiorse Ronan numa evolução clara e notável em relação ao trabalho (já ele bastante impressionante) que ela entregou como Brionny em “Desejo e Reparação”.
A formidável cena final mostra a heroína fechando o seu ciclo pessoal de vingança e desferindo assim um tiro no rosto de sua antagonista –e que, na maneira como a cena é registrada, acaba sendo também um tiro no rosto do expectador: Uma referência de Joe Wright à “Tropa de Elite”, talvez.

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