Não é nenhum segredo que “Star Wars-Episódio 4
Uma Nova Esperança” (o filme inicial da saga, de fato) deve muitos de seus
ganchos narrativos à “O Senhor dos Anéis”.
A obra de Tolkien tornou a servir de inspiração
(desta vez, ainda mais explícita) para outra produção de George Lucas, já nos
anos 1980, agora dirigida por Ron Howard.
“Willow”, contudo, não teve a mesma repercussão
de público e crítica que a fenomenal saga intergaláctica de George Lucas,
jamais indo além deste único filme, embora sua trama fosse pontuada por
elementos que pediam narrativamente por continuações. Foi uma pena por um lado:
Tratava-se de uma rara chance do ótimo Warwick Davis (que vestiu a carapaça do
Ewok Wicket em “O Retorno de Jedi”) demonstrar seu talento e protagonismo. E
por outro, não: “Willow”, em sua concepção era um épico de fantasia preguiçoso,
sem considerações criativas que o fizessem alçar vôo por conta própria, para
além das influências óbvias que o esmagavam, Isto é, “Star Wars” e “O Senhor
dos Anéis” (por mais que, naquela época, os livros ainda estivessem longe de
virar filme).
Como tudo o que tinha o aval de George Lucas,
“Willow” contava com efeitos especiais de ponta para sua época –incluindo uma
cena inovadora que mostrava uma feiticeira convertendo-se em diversas espécimes
animais num único take gerado por uma tecnologia digital ainda embrionária.
Wareick Davis interpreta (e muito bem) Willow
Ufgood, um jovem membro do povo anão –chamados de Nelwin –que vive numa aldeia
de anões (parecida até demais com o Condado dos Hobbits!), e sonha em aprender
magia. A oportunidade para seguir tal caminho surge de forma tortuosa: Willow
se torna o inesperado guardião de um bebê do povo Daikini –os humanos –predestinado,
no melhor estilo “Os Dez Mandamentos”, a se tornar a princesa boa que trará paz
ao reino onde todos vivem –e no qual as muitas raças de seres distintos (além
dos Nelwin e dos Daikini, fadas, feiticeiros, gnomos e gigantes) mantêm uma
frágil trégua.
Atrás da criança, e ansiosa para matá-la, está
a terrível vilã rainha Bavmorda (Jean Marsh) e, entre os poucos aliados com os
quais o pequeno Willow pode contar para sua proteção estão o rebelde Mad
Martigan (Val Kilmer interpretando uma mescla mal ajambrada entre Han Solo e
Aragorn), a própria filha da vilã Sorsha (Joanne Whalley, que casou-se com
Kilmer durante as filmagens), dois duendes e a feiticeira Raziel (Patrícia
Hayes).
Dotado de um gancho final absolutamente explícito
para uma continuação que jamais veio, “Willow-Na Terra da Magia” não foi apenas
um filme de tímida bilheteria: Ele sequer conseguiu se firmar, com o passar do
tempo, em meio às obras lembradas com afeto pela geração que o assistiu nos
anos 1980 –e, para obter tal posição, convenhamos, nem era preciso ser tão
espetacular assim...
Esquemático, não raro
abarrotado de clichês e desprovido de maiores predicados que fossem além de
seus vistosos efeitos visuais, “Willow” fracassou em tentar estabelecer o que
parecia ser uma nova franquia de George Lucas; um indicativo das limitações criativas
de Lucas, que não ficaram tão evidentes assim na festejada “trilogia clássica”
de “Star Wars” (talvez, por ele ter contado com diversos colaboradores
talentosos naqueles tempos), mas que compareceram com prejudicial conseqüência na
hoje criticada “trilogia prólogo” do mesmo “Star Wars”.
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