Ao lograr uma adaptação de “O Doce Veneno do
Escorpião” –livro auto-biográfico de Rachel Pacheco, a mais célebre garota de
programa do Brasil, o diretor Marcus Baldini parecia adentrar um terreno muito
parecido com as pornochanchadas que fizeram a tara do público (e em muitos
casos o repudio da crítica) nos anos 1980, assumindo um projeto cujo apelo
popular seria, invariavelmente, a nudez e o sexo.
Não foi bem assim.
O filme não se furta claro de mostrar cenas de
forte erotismo (e seria, no mínimo, hipócrita tentar evitar isso), mas, ainda
assim surpreende por seu ritmo bem ajustado, por suas qualidades enquanto
cinema e por seu compromisso para com a história que conta.
Nela, a adolescente Rachel deixa a casa dos
pais para nunca mais depender de alguém na vida, e logo passa a trabalhar como
prostituta, ofício no qual ela rapidamente se destaca das demais. Mas Rachel
irá tornar-se conhecida mesmo após criar um blog, já sob o pseudônimo de Bruna
Surfistinha, no qual relata via internet sua rotina como garota de programa.
Muito interessante notar como Deborah Secco
(também produtora) encara com despojamento e coragem as inúmeras cenas de nudez
e sexo que um filme como este, e uma personagem como esta, exigem de uma atriz.
Sua entrega é um dos vários fatores positivos que tornam este filme
recomendável.
Muito bom também é o
aproveitamento, no final, da bela canção "Fake Plastic Threes" do
Radiohead, uma das músicas mais cinematográficas já feitas, e que eu nunca
tinha visto em um filme antes.
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