Melodrama dos anos 1980 cuja abordagem soa inversa à, por exemplo, do romântico “Amor À Flor da Pele”, de Won Kar Wai, no qual acompanhávamos a via-crusis das contrapartes traídas de dois casais envolvidos em adultério. Aqui é incontornável a romantização de um ato que, no fim das contas, é uma traição –ainda que o filme, com elegância, sutileza e parcimônia vá mascarando isso diante do expectador. Não à toa, houveram críticas, na época de seu lançamento, direcionadas exatamente à essa postura. Filmado na Estação Central de Nova York e aproveitando essencialmente o hype da reunião entre de Meryl Streep e Robert De Niro (saídos, respectivamente das produções “Silkwood-Retrato de Uma Coragem” e “Era Uma Vez Na América”), o filme dirigido por Ulu Grosbard (que havia realizado, em 1981, o drama policial “Liberdade Condicional”, com De Niro) parece se beneficiar exatamente desses detalhes para se impor, no mais, contentando-se em ser um romance ameno, sem rompantes e de baixa voltagem. Características que não o impedem de ser um bocado encantador aos olhos de seu público-alvo.
Arquiteto, morador do subúrbio de Westchester,
Nova York, Frank Raftis (Robert De Niro) é casado com Ann (Jane Kaczmarek, de
“Morto Ao Chegar” e “A Vida Em Preto & Branco”), com quem tem dois filhos
pequenos. Moradora nas mesmas redondezas, a artista plástica Molly Gilmore
(Meryl Streep) também é casada, com Brian (David Clennon, de “Inferno Sem Saída” e “Muito Além do Jardim”). Ambos tomam o mesmo percurso de trem
diariamente, porém, sem nunca se encontrar: Frank, para ir e voltar do
trabalho; Molly, para visitar constantemente seu pai (George Martin, de
“Sociedade dos Poetas Mortos”) que está internado num hospital em Manhattan. É
durante a véspera de Natal que eles se encontram pela primeira vez, ao
trombarem um com o outro acidentalmente e, sem querer, acabar trocando os
livros que haviam comprado. Alguns meses depois, eles tornam a se reencontrar
na estação, se reconhecem e a partir daí, adquirem o hábito de todos os dias,
fazerem companhia um ao outro durante a viagem, conforme vão se conhecendo
melhor. Embora saibam que ambos são casados, isso não impede que um sentimento
pouco a pouco comece a nascer entre eles.
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