sexta-feira, 18 de agosto de 2017

O Zoológico de Varsóvia

Diretora do sensível “Encantadora de Baleias” e do contundente “Terra Fria”, a neozelandesa Niki Caro conta aqui mais uma extraordinária história real transcorrida na Segunda Guerra Mundial.
É em meio ao verão de 1939 que começam a se suceder as mudanças que deflagrarão uma guinada na vida de Jan (Johan Heldenbergh, de "Alabama Monroe" e "A Excêntrica Família de Antonia") e Antonina Zabinski (Jessica Chastain, apaixonante), zelador do zoológico de Varsóvia e sua dedicada esposa. Se antes sua rotina consistia do cuidado com os animais e das boas-vindas aos visitantes no zoológico que administravam, com a chegada da guerra –e das opressoras forças alemãs à Polônia –seu zoológico é primeiro devastado por bombardeios e depois convertido numa fazenda de porcos a fim de gerar carne para alimentar as tropas nazistas.
Antonina e seu marido valem-se então dessas circunstâncias para salvar o maior número de pessoas possível: Durante o dia, ao coletar comida em meio ao lixo do gueto, Jan carregada em seu caminhão punhados de judeus fugitivos e suas famílias que, à noite, se escondem nos subterrâneos desocupados do zoológico, somando a cada dia mais e mais sobreviventes que, com o passar dos anos, chegam à casa das centenas.
Tudo perigosamente executado debaixo do nariz da vigilância nazista personificada no displicente e errático Herr Heck (Daniel Bruhl), outrora também um zoólogo convertido em oficial nazista.
Mesmo que reticente na abordagem dos horrores mais extremos presentes na história que conta, a diretora Caro –apesar da maneira sugestiva e econômica com a qual registra momentos históricos essenciais à sua trama, como o massacre do Gueto de Varsóvia – com freqüência vê seu singelo trabalho enfrentar a difícil e inevitável comparação com o excepcional “A Lista da Schindler”, de Steven Spielberg, que narra fatos ocorridos praticamente no mesmo período de tempo, e em torno dos mesmos lugares (e ainda, com semelhanças bastante flagrantes).
Sorte de Caro, entretanto, poder contar com uma presença como a de Jessica Chastain que, neste papel, tem a oportunidade de abusar de seu aspecto genuíno de estrela da Velha Hollywood: Somada à sua beleza e seu talento, ela tem uma aura que remete não às atrizes modernosas de hoje, mas ao charme clássico das divas de antigamente, e essa característica é plenamente valorizada em seus figurinos, em seu cabelo e maquiagem e na maneira com que a câmera continuamente se enamora por ela, deixando os demais personagens em segundo plano. Há também um viés interessante em sua atuação que enfatiza a maneira com que a personagem se ancora emocionalmente mais aos animais e menos aos seres humanos, sempre mostrados como volúveis, falhos, relutantes e beligerantes.
Essa convergência de elementos impõe um estilo ameno à produção, quase de um entretenimento familiar, ainda que preserve cenas que visam o choque.

Um comentário:

  1. O livro é emocionante, aguardo o filme, que deverá ser muito bom também. A verdade deve ser mostrada.

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