Não deixa de ser uma travessura do time de
comediantes liderados por Judd Apatow (produtor do filme) este escracho
protagonizado por Will Ferrel –ator cujos filmes fazem mais sucesso nos EUA, do
que aqui no Brasil, certamente em função do seu humor muito característico e
norte-americano.
Curioso notar que este é um trabalho de Adam
McKay (que com Ferrel fez também o cultuado “O Âncora-A Lenda de Ron Burgundy”),
antes de suas indicações ao Oscar por um filme, também de comédia, mas que
revelava uma relevância impar assim como uma conscientização da atualidade que
um trabalho como este jamais levaria a supor, o extraordinário “A Grande
Aposta”.
Aqui, a idéia aparentemente é levar o conceito
de caricatura à níveis extremos. Pois é, afinal de contas, uma caricatura o
personagem Brennan, vivido por Will Ferrel que, do alto de seus quarenta anos
de idade, ainda vive com a mãe, Nancy (a ainda muito bonita Mary Steenburgen).
O mesmo calha de acontecer com Dale (John C. Reilly, perfeito contraponto de
Ferrel), filho quarentão e infantil que ainda mora com Robert (Richard
Jenkins), seu pai.
Do romance que brota do encontro entre pai de
um e mãe do outro, surge a situação que coloca ambos como meio-irmãos e morando
debaixo do mesmo teto.
À previsível indisposição inicial, logo se
segue uma forte identificação (ocasionada pela birra em comum com o irmão mais
novo de Brennan, interpretado de maneira bizarra por Adam Scott) o quê só
deflagra ainda mais confusões: Dois homens inconseqüentes e imaturos, afinal,
fazem o dobro de bagunça do que um só.
O diretor e roteirista McKay, no entanto, friza
esses acontecimentos com ênfase num humor esculachado e adolescente, reflexo do
comportamento dos protagonistas, que em nada busca atender a realidade.
Deveras, não há qualquer intenção de um registro real, por exemplo, nos
lampejos ninfomaníacos da cunhada de Brennan (Kathryn Hahn) para cima do
desajeitado e indiferente Dale –e isso é proposital, tornando necessário que se
entre no espírito para apreciar o filme.
Talvez, o grande problema
seja que nem todos os atores se saiam bem com tal tipo de humor. Se Ferrel e
Reilly abraçam por completo o ridículo (até mesmo grotesco) de sua situação, o
mesmo não parece ocorrer com naturalidade em Kathryn Hahn ou em Adam Scott. No
caso dos pais, o habitualmente ótimo Richard Jenkins nem sempre encontra em
algumas cenas a serenidade ideal para reagir às presepadas dos personagens
principais; por sua vez, Mary Steenburgen, mesmo que longe de qualquer rompante cômico, parece interpretar a única personagem
capaz de preservar alguma coerência ao longo de todo o filme.
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