sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Quase Irmãos

Não deixa de ser uma travessura do time de comediantes liderados por Judd Apatow (produtor do filme) este escracho protagonizado por Will Ferrel –ator cujos filmes fazem mais sucesso nos EUA, do que aqui no Brasil, certamente em função do seu humor muito característico e norte-americano.
Curioso notar que este é um trabalho de Adam McKay (que com Ferrel fez também o cultuado “O Âncora-A Lenda de Ron Burgundy”), antes de suas indicações ao Oscar por um filme, também de comédia, mas que revelava uma relevância impar assim como uma conscientização da atualidade que um trabalho como este jamais levaria a supor, o extraordinário “A Grande Aposta”.
Aqui, a idéia aparentemente é levar o conceito de caricatura à níveis extremos. Pois é, afinal de contas, uma caricatura o personagem Brennan, vivido por Will Ferrel que, do alto de seus quarenta anos de idade, ainda vive com a mãe, Nancy (a ainda muito bonita Mary Steenburgen). O mesmo calha de acontecer com Dale (John C. Reilly, perfeito contraponto de Ferrel), filho quarentão e infantil que ainda mora com Robert (Richard Jenkins), seu pai.
Do romance que brota do encontro entre pai de um e mãe do outro, surge a situação que coloca ambos como meio-irmãos e morando debaixo do mesmo teto.
À previsível indisposição inicial, logo se segue uma forte identificação (ocasionada pela birra em comum com o irmão mais novo de Brennan, interpretado de maneira bizarra por Adam Scott) o quê só deflagra ainda mais confusões: Dois homens inconseqüentes e imaturos, afinal, fazem o dobro de bagunça do que um só.
O diretor e roteirista McKay, no entanto, friza esses acontecimentos com ênfase num humor esculachado e adolescente, reflexo do comportamento dos protagonistas, que em nada busca atender a realidade. Deveras, não há qualquer intenção de um registro real, por exemplo, nos lampejos ninfomaníacos da cunhada de Brennan (Kathryn Hahn) para cima do desajeitado e indiferente Dale –e isso é proposital, tornando necessário que se entre no espírito para apreciar o filme.
Talvez, o grande problema seja que nem todos os atores se saiam bem com tal tipo de humor. Se Ferrel e Reilly abraçam por completo o ridículo (até mesmo grotesco) de sua situação, o mesmo não parece ocorrer com naturalidade em Kathryn Hahn ou em Adam Scott. No caso dos pais, o habitualmente ótimo Richard Jenkins nem sempre encontra em algumas cenas a serenidade ideal para reagir às presepadas dos personagens principais; por sua vez, Mary Steenburgen, mesmo que longe de qualquer rompante cômico, parece interpretar a única personagem capaz de preservar alguma coerência ao longo de todo o filme.

Nenhum comentário:

Postar um comentário