O lançamento de “Fragmentado” reacendeu a
esperança de toda uma legião de fãs deste cultuado trabalho de M. Night
Shyamalan que, por tanto tempo, sonharam com uma continuação das aventuras (se é
que se pode chamar assim) do personagem David Dunn, magnificamente interpretado
por Bruce Willis.
Em meados do ano 2000, Shyamalan estava com a
bola toda. Revelado (e indicado ao Oscar) pelo sensacional “O Sexto Sentido”, o
diretor e roteirista tinha toda a atenção do público e da crítica sobre o seu
trabalho seguinte, o misterioso “Unbreakable”.
Obedecendo uma espécie de conceito que ele
adotou em “O Sexto Sentido” –e numa série de projetos que vieram depois –este novo
trabalho de Shyamalan (aqui no Brasil batizado como “Corpo Fechado”...) dava
uma roupagem de seriedade, fatalismo e até dramaticidade à uma premissa
fantasiosa; se em “O Sexto Sentido” eram filmes de fantasmas, em “Corpo Fechado”,
eles eram adaptações de histórias em quadrinhos.
Tudo isso feito numa época, diga-se, em que
tais adaptações não tinham o monopólio comercial que têm hoje: No ano 2000
existia, quando muito, o primeiro filme dos “X-Men”, e a promessa de um ainda
vindouro filme do Homem-Aranha...
Por essas razões, sob inúmeros aspectos, “Corpo
Fechado” era um filme a frente de seu tempo.
Retomando a parceria pra lá de bem-sucedida de “O
Sexto Sentido”, Shyamalan escalou mais uma vez Bruce Willis para ser o
protagonista, David Dunn, um cara até então normal que se torna o único
sobrevivente de um brutal descarrilamento de trem. Mais que isso: Além de
sobreviver ele não teve um único arranhão sequer.
Quando Elijah Price (Samuel L. Jackson) um
estranho colecionador de quadrinhos, portador de uma doença que lhe enfraquece
os ossos se apresenta a ele, David percebe coisas que até então não dera
atenção, como o fato de nunca ter realmente se machucado ou ficado doente.
Price tem uma teoria: os super-heróis das
histórias em quadrinhos são na verdade inspirados em seres humanos reais que
eventualmente nascem, crescem e morrem com capacidades sobre-humanas em meio às
pessoas normais, capacidades as quais nem sempre imaginam possuir. E segundo
sua teoria, David Dunn seria um deles.
Resta, contudo, superar algumas dúvidas bem cabíveis:
Se Dunn possui poderes, quais são eles? Quais as suas extensões? Que utilidade
ele dará à esses novos dons? E –a mais perturbadora de todas –por qual razão
Elijah Price tem tanto interesse nisso?
Narrado com primor singular e uma abordagem
adulta que os filmes do gênero ainda não haviam experimentado, “Corpo Fechado” à
época, infelizmente, não fez o mesmo sucesso do trabalho anterior de Shyamalan;
alguns expectadores se frustraram com seu deliberado distanciamento temático e
categórico de “O Sexto Sentido”; enquanto que outros, paradoxalmente, não
gostaram justamente por enxergarem inesperadas semelhanças entre os dois filmes
(!).
Com o tempo, porém, “Corpo
Fechado” encontrou seu público por meio de um culto iniciado em homevideo que
cresceu exponencialmente com o passar dos anos –a ponto de tornar o insistente
clamor por uma continuação um aborrecimento constante ao diretor em suas aparições
públicas.
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