Outrora um escritor prodígio, Calvin (o
competente Paul Dano) conheceu o sucesso. Entretanto, há tempos ele não
consegue repetir o mesmo feito: Tudo que lhe resta é a auto-comiseração na
conclusão de que está sofrendo de um agudo bloqueio criativo.
O fato de ser carente e anti-social não ajuda
muito.
Mas, eis que Calvin tem então uma epifânia: Usar
as páginas em branco na máquina de escrever para relatar em minúcias a namorada
perfeita.
Inesperadamente, ela, que se denomina Ruby
Sparks (e vem a ser interpretada pela própria roteirista do filme, Zoe Kazan) materializa-se
de imediato em sua casa, crente de que é real e que por ele é apaixonada.
Durante o período em que usufrui desse
relacionamento, Calvin vive um sonho; chega até mesmo a apresentá-la –com
resultados até satisfatórios! –para seus pais, vividos por Annete Bening e
Antonio Banderas.
Mas, o amor que Ruby sente por ele muda
conforme a menina se adapta à realidade –ela passa a trabalhar, a estudar e a
conhecer novas pessoas, e com isso adquire certa independência emocional dele,
do qual ele acaba se ressentindo.
Para não perdê-la Calvi então apela para a
magia da máquina de escrever e tira dela sua independência; Ruby se torna
alguém inconveniente, uma espécie de parasita existencial.
Tentando contornar o problema, ele tira sua
felicidade; ela se torna assim uma pessoa depressiva e deprimente.
Por fim, ele retira a sua tristeza, fazendo
dela um ser vazio; e só então percebe que, em seus anseios egoístas e
egocêntricos ele próprio tirou tudo o que fazia ela ser perfeita.
É extremamente válida (e ainda um tanto quanto
rara ao gênero) a reflexão que esta agridoce fantasia romântica faz ao tentar
entender e retratar a dinâmica de uma relação à dois pelo viés surreal da
idealização.
Os diretores Jonathan Dayton e Valerie Faris (realizadores
também do fabuloso "Pequena Miss Sunshine") são casados na vida real
bem como os protagonistas Paul Dano e Zoe Kazan o que talvez explique a
compreensão incisiva e a sinceridade pulsante que emana de todo o filme.
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