É muito diferente a Maria Antonieta retratada
aqui –na atuação algo melancólica da bela Diane Kruger –do que a protagonista
vista em “Maria Antonieta”, de Sofia Coppola, vivida por Kirsten Dunst.
À beira da revolução que mudará a França e o
seu próprio modo de vida, Antonieta é uma mulher na constante tentativa de
desvio da dor que sente pelo amor sem tempo e sem chance que ela nutre pela
aristocrata Gabrielle de Polignac (a bela Virginie Ledoyen, de “A Praia”).
Maria Antonieta, contudo, não é mais que uma
coadjuvante luxuosa; a verdadeira protagonista deste incisivo drama histórico é
Agathe-Sidonie Laborde (vivida por Lea Seydoux, de “Azul É A Cor Mais Quente”),
uma simples empregada da rainha em questão, sua leitora oficial que, devido à
intimidade sugerida pela situação vira também uma espécie de confidente.
É pelos olhos de Agathe que o diretor Benoit
Jacquot vislumbra o envolvimento sexual sem muito futuro entre Antonieta e
Gabrielle (bem como os esforços dessa primeira para salvar a vida da segunda de
um possível linchamento da plebe ensandecida, o quê inclui um plano que coloca
em risco a vida da própria Agathe!) e a tensão crescente que toma conta dos
corredores do Castelo da Versalhes, seguindo-a com a câmera de mão grudada em
suas costas, emulando uma realidade quase documental do acontecimento.
“Adeus, Minha Rainha” aborda o imediatismo de
sentimentos complexos no breve e frenético episódio em que o diretor se dá o
luxo de contemplá-los, enfatizando paradoxalmente a fugacidade com eles terão
de ser contemplados e, mesmo assim, trabalhando um belo registro de relações
incategorizáveis, mas, definitivas para os eventos que transcorrem no entrecho
final.
Seu trunfo é, por conseqüência, o brilhante e
eficiente trio de belas e talentosas atrizes envolvidas nessa espécie de
triângulo amoroso cuja dinâmica teve de se submeter aos revezes de um dos mais
tumultuados momentos da história da França.
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