A insensibilidade de Will (vivido com
irresistível ironia por Hugh Grant), sobretudo para com o sexo oposto, é
absurda.
Solteirão convicto e boa vida, seu lema é
"Todo homem é uma ilha. Eu sou Ibiza".
A fim de procurar relacionamentos mais breves e
superficiais possíveis que atendam tal filosofia e preservem sua preciosa
disponibilidade de homem solteiro, ele chega a criar um filho fictício e
inscrever-se num programa para mães e pais solteiros, só para paquerar. No
entanto, seu caminho cruza-se com o de Marcus (Nicholas Hoult, o Fera da
segunda versão de “X-Men”, ainda bem jovem), o angustiado e desengonçado filho
único da instável hippie Fiona (Toni Collette, de “O Casamento de Muriel”, “O
Sexto Sentido” e “Pequena Miss Sunshine”). A convivência (de início,
consideravelmente forçada) com Marcus transformará a vida de Will: O inconseqüente
e declaradamente superficial playboy inglês vai se tornar uma inesperada figura
paterna para o aflito e encrencado garoto, e nessa dinâmica descobrirá
qualidades que julgava não ter.
Nesta deliciosa adaptação de Nick Hornby
(escritor sempre muito atento aos divertidos desdobramentos da vida afetiva,
cultural e reflexiva de sua geração), os diretores Paul e Chris Weitz compõem
uma bem-humorada visão da condição masculina no mundo moderno, interpretada com
muita inspiração por Hugh Grant, e com um roteiro pródigo em sacadas
espirituosas.
A verve extremamente referencial à cultura pop que sempre caracterizou as criações de Nick Hornby é lembrada aqui, sobretudo, na divertida sequência, já perto do final, quando Will se vê em frente à uma platéia tendo que cantar o afetado clássico oitentista "Killing Me Softly"; o quê termina rendendo, diga-se, um dos momentos mais divertidos do filme.
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