segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Um Século Em 43 Minutos

Das mais inventivas ficções científicas feitas no fim dos anos 1970, este “Um Século em 43 Minutos” é uma rara oportunidade de conferir o ator Malcolm McDowell interpretando um herói (e ele não leva jeito pra coisa, ficando muito melhor em papéis corrosivos e venais como o rebelde submetido à experimentos de “Laranja Mecânica” e o déspota pervertido de “Calígula”), neste caso, o ilustre escritor, cientista e inventor H.G. Wells (!).
A trama é um delírio só, colocando Wells –e uma porção de referências às suas obras –contra ninguém menos que Jack, O Estripador (papel vivido por David Warner).
Tudo começa na Inglaterra vitoriana, obscurecida pelo temor popular provocado pelos crimes perpetrados por Jack, O Estripador, crimes estes que jamais foram solucionados.
A identidade de Jack, por sinal (mistério presente em praticamente todos os filmes feitos a respeito dele), é o que menos preocupa os realizadores: Eles revelam logo de cara quem supostamente ele foi, quando flagramos o personagem John Leslie Stevenson (Warner) indo à uma reunião de aristocratas logo após seu último crime.
A reunião envolve entre outros, H.G. Wells que apresenta aos convidados sua mais nova invenção, um aparelho ainda não testado capaz de viajar no tempo –feita à imagem e semelhança do aparelho visto em “A Máquina do Tempo”, clássico com Rod Taylor, inspirado num livro de Wells.
Quando Jack, o Estripador foge das autoridades usando a invenção, resta somente à Wells seguí-lo e tentar detê-lo. O Estripador fugiu para um século no futuro –que corresponde ao ano de 1979, época do lançamento do filme –e deu continuidade às suas atrocidades na cidade de São Francisco, onde ficou exposta a criação de Wells. Seriam, portanto, os crimes atribuídos ao Zodíaco os mesmos perpetrados por Jack, o Estripador, agora no presente?
A inventividade dessa premissa nem sempre encontra correspondente na condução do diretor Nicholas Meyer (mais conhecido por “Jornada Nas Estrelas-A Ira de Khan” e por “O Dia Seguinte”) que enfatiza aspectos redundantes na relação do perplexo e inquieto Wells com a jovem e graciosa Amy (Mary Steenburgen que, após este filme, foi casada durante um tempo com McDowell) e um drama desnecessário na sua perseguição ao assassino.
Para uma ficção científica escapista e assumidamente comercial sobrou seriedade e faltou descontração.

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