Embora ele talvez viesse a negar, não dá para
esconder a intenção de Michael Bay em trilhar um caminho parecido com o de
Steven Spielberg (que para ele produziu a bem-sucedida adaptação dos
“Transformers” para o cinema), de preferência com a mesma consagração e
reconhecimento.
“Pearl Harbor” já representava toda uma
intenção em emular, entre outros, “O Resgate do Soldado Ryan”. A grande obra
bélica de Spielberg volta a servir de enorme referência à Michael Bay aqui,
neste “13 Horas”, embora não apenas ela: Percebe-se também ecos poderosos do
arrojado “Falcão Negro em Perigo”, de Ridley Scott.
Reencontrando um certo ímpeto que pareceu se
dispensar na realização dos três primeiros filmes dos robôs que viram carros,
Bay enveredou pela realização de seu melhor filme em muitos e muitos anos (o
divertido e absurdo “Sem Dor, Sem Ganho”), e aqui realmente dedica-se na
construção de uma obra vibrante e enérgica, sobretudo, em relação às suas cenas
de tensão, de conflito e de perseguição.
O problema é a tentativa de Bay em soar um
diretor amplamente capaz –coisa que ele não é –demandando tempo, na primeira
metade, a desenvolver personagens que não são desenvolvidos e a aprofundar
relações e motivações que não têm função narrativa exceto a de mostrar que ele
saberia dirigir atores (não sabe...); se há algo positivo a se falar, é que ao
menos desta vez Bay não se vale de piadinhas e trocadilhos engraçados para
construir as cenas de baixa voltagem optando pela seriedade.
O filme foca num evento real ocorrido em 2010,
quando uma embaixada americana em Benghazi, no Oriente Médio, ocupada por
funcionários da Inteligência é sitiada por terroristas armadas disposto a
promover uma carnificina. Seis ex-militares de elite recrutados para serviços
de segurança são tudo o que aquelas pessoas têm para protegê-las dos inimigos
ensandecidos. Não há muitos recursos. Não há transportes para uma ação evasiva.
Não há tempo suficiente para uma operação de resgate vinda de fora. Tudo o que
eles podem fazer é resistir até que algo seja feito.
Dividido em duas partes bem distintas, sendo a
primeira –que se ocupa de relatar com calmaria o dia-a-dia na embaixada
–consideravelmente mais fraca que a segunda, muito mais visceral, tensa e
explosiva.
Embora conte com atores competentes
–e conseguem se destacar, mais por mérito próprio do que por alguma ênfase no
roteiro, o eficiente James Badge Dale (de “O Vôo”, “A Travessia” e “Homem deFerro 3”), o descontraído Pablo Schreiber (da série “Orange Is The New Black”)
e o protagonista John Krasinski (normalmente mais associado a comédias) –o
filme não trás personagens bem desenhados, e por isso mesmo, os momentos de
tensão que os envolvem soam genéricos. O que Michael Bay faz bem (e isso
ninguém duvida) é na questão estética: “13 Horas” é bem fotografado (Dion
Beebe, seu diretor de fotografia, trabalhou em “Chicago” e em “Memórias de UmaGueixa”), bem montado e bem executado nos aspectos técnicos de suas cenas de
batalha –e, nesse sentido, acaba também remetendo a todos os cânones do gênero
ao qual Bay busca prestar tributo.
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