Um dos filmes pouco usuais e hoje bastante
desconhecidos protagonizados por Robert Downey Jr. muito antes dele ter se
consagrado como “Homem de Ferro”, este “Restoration” é, como quase todos os
filmes dos quais ele participava, um exemplo do quão grande era o talento que
ele desperdiçava antes de recuperar-se de seus vícios em drogas e bebidas.
Downey Jr. contribui com uma excelência pontual
e notável no papel de Merivel, um aprendiz de medicina em meados de 1860. Em
contraponto ao talento prodigioso e natural para exercer a função de médico,
Merivel tem uma predisposição compulsiva à farra a à libertinagem, e daí para a
auto-destruição –características que certamente personagem e intérprete
compartilhavam...
Tanto ele procura que acha: Embriagado pela
beleza da nobre Celia (a bela Polly Walker, de “Jogos Patrióticos”), a cortesã preferida
do rei Charles II (Sam Neil) por quem foi contratado tão somente para ser o
marido de fachada de sua amante, Merivel cai em desgraça devido as suas
ofensivas tentativas de flerte, e acaba exilado em uma ilha.
Lá, Merivel não encontra outra alternativa
senão dar continuidade ao ofício médico que a futilidade o tinha levado a
deixar de lado: Passa a dedicar-se aos enfermos ao lado do amigo Pearce (David
Thewlis, ótimo), e de certa forma envolve-se com uma transtornada jovem do
lugar, Katharine (Meg Ryan, tentando convencer num papel distinto das mocinhas
românticas).
Com ela, Merivel tem uma filha –porém,
Katharine morre no parto –e a busca por uma vida melhor o leva a regressar à
Inglaterra, onde suas habilidades médicas não só serão necessárias com a
proliferação da peste negra como também proporcionarão a Merivel uma redenção,
em face de um caráter renovado e melhor que ele então adotou.
Como seu protagonista
durante a primeira parte de seu filme, o diretor Michael Hoffman (que depois
faria “Um Dia Especial”, com George Clooney e Michelle Pfeiffer) padece de uma
brutal incongruência entre seu grande defeito e sua maior qualidade: Por um
lado, sua condução da narrativa não consegue enunciar as características
necessárias à percepção adequada da trama por parte do expectador –a despeito
do carisma do protagonista –que torce por personagens errados, nos momentos
errados e da forma errada (fruto de uma escalação sem critério de bons atores
que fornecem a impressão equivocada dos personagens, tal qual Polly Walker, Sam
Neil e Meg Ryan); por outro lado, Hytner soube enfatizar a incontornável
elegância estética de seu filme e enaltecer seus realmente extraordinários
valores de produção que puseram em funcionamento uma recriação de época de
encher os olhos que, em diversos momentos, acaba eclipsando a importância
enquanto narrativa de algumas cenas; a conseqüência disso é que “O Outro Lado da
Nobreza” apesar de suas deficiências arrebatou os Oscars de Melhor Figurino e
Melhor Direção de Arte em 1996.
Só uma pequena correção na digitação: A estórias se passa no século 17 ,então a data correta é e meados de 1460, quando o rei da Inglaterra era Charles II.
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