Terceiro exemplar de produções intrigantes
ambientados no que parece ser um mesmo universo –e cujos outros dois títulos
que o compõem são “Cloverfield-Monstro” e “Rua Cloverfield, 10” –este novo “The
Cloverfield Paradox” concebido e anunciado como sendo uma obra de cinema, tal
qual os outros dois, mas terminou sendo negociado para a plataforma de
stremming do Netflix, sem sequer chegar às telas de cinema.
Talvez não tenha sido o melhor negocio para o
produtor J.J. Abrahams que viu este filme ser considerado pelo publico como o
mais fraco dos três, embora essa seja uma afirmação bastante injusta: Os
expectadores perderam a oportunidade que conferir o filme no esplendor da tela
grande e os produtores –impelidos pela inspiração de lançar seu trabalho com
ineditismo –perderam a chance de calcular o desempenho que seu projeto teria
nas bilheterias; que foram bastante satisfatórias no caso dos outros dois.
Transcorrendo, ao que tudo indica,
paralelamente aos eventos do primeiro filme, está a história de uma equipe de
uma Estação Espacial Internacional orbitando o planeta Terra às voltas com uma
experiência de suma importância para o panorama sócio-político mundial: O teste
de um acelerador de partículas que pode prover energia sustentável para todo o
planeta.
A compor o grupo envolvido em tal empreitada
está a protagonista, a inglesa Ava (Gugu Mbatha-Raw, de “Nos Bastidores da
Fama” e “Belle”), o comandante da missão e representante americano Kiel (David
Oyelowo, de “Selma”), o alemão Schmidt (Daniel Bruhl, de “Capitão
América-Guerra Civil” e “Adeus, Lênin”), a chinesa Tam (Zhang Zi Yi, estrela de
“O Tigre e O Dragão”, “O Clã das Adagas Voadoras” e “Memórias de Uma Gueixa”),
o irlandês Mundy (Chris O’ Dowd, de “Missão Madrinha de Casamento”), o
brasileiro Acosta, apelidado Monk (John Ortiz, de “Velozes e Furiosos 4” e “OLado Bom da Vida”) e o russo Volki (Aksel Hennie, de “Perdido Em Marte”).
São eles quem realizam a pioneira experiência
ao acionar o acelerador de partículas, entretanto –confirmando os temores
comentados numa entrevista por um tal de Mark Stambler (Donal Logue), autor de
uma teoria chamada “Paradoxo de Cloverfield” –o que eles desencadeiam ao testar
a energia acarreta conseqüências imprevisíveis: A estação espacial simplesmente
some da orbita da Terra sendo teleportada para outro ponto do universo (!).
Mais: Aos poucos, a equipe descobre que a
mudança pode não ter sido somente em termos espaciais. Ao encontrar uma nova (e
para eles completamente desconhecida!) integrante de sua própria equipe, a engenheira
Jensen (Elizabeth Debicki, de “Guardiões da Galáxia Vol. 2” e “O Agente da U.N.C.L.E.”), materializada dentro de um dos painéis (!) –com alguns fios
condutores atravessando dolorosamente seu corpo (!) –eles começam a concluir que
podem ter sido transportados para uma espécie de realidade alternativa (!), e
que ao fazer isso, afetaram o bem-estar de seu mundo.
O filme se concentra nos desdobramentos
ocorridos no espaço intercalando-os com breves relances de algo catastrófico
ocorrendo na Terra (e que certamente corresponde aos acontecimentos do primeiro
“Cloverfield”) testemunhados pelo perplexo Michael (Roger Davies), marido de
Ava.
O trabalho que o diretor Julius Onah realiza
aqui, embora inferior ao ótimo e enxuto resultado de Dan Trachteberg em “Rua
Cloverfield, 10”, é eficaz, fluido e visualmente interessante, lembrando um
pouco o recente “Vida”, de Daniel Spinoza, e aproveitando inúmeros aspectos e
elementos da premissa do obscuro e hoje muito desconhecido “Projeto Philadelphia”,
dos anos 1980.
Tudo isso faz deste
trabalho, acima de tudo, um exemplo do tino comercial e da percepção de
espetáculo e narrativa de seu produtor, J.J. Abrahams, que reaproveita
conceitos de outros filmes para remodelar uma produção destinada ao publico
atual, cumprindo seu papel de jogar ainda mais ingredientes na receita um tanto
curiosa e cada vez mais desconcertante desse seu intrigante universo
“Cloverfield” –dele já existem, pelo menos, dois novos filmes confirmados!
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