quinta-feira, 22 de março de 2018

Os Intocáveis

Diante do status indissolúvel de clássico moderno que esta obra de Brian De Palma adquiriu com o tempo fica um pouco difícil observa que ela era, primeiramente, uma adaptação cinematográfica de uma série de TV, nos moldes do que, anos depois foi feito em “Missão Impossível” (dirigido pelo próprio De Palma) e “As Panteras” –por mais díspare que seja essa comparação.
Ainda assim, a direção refinada de De Palma, o roteiro brilhante e intenso de David Mamet, a música antológica de Ennio Morricone e o espetacular elenco reunido fazem desta uma obra inteiramente cinematográfica.
O período da Lei Seca vigora em Chicago. É o auge do controle do poder gangster e, portanto, terreno fértil para que o mafioso Al Capone (Robert De Niro) possa prosperar a frente de um império.
Sem maiores recursos e sem muita chance de sucesso, o agente federal Elliot Ness (Kevin Costner), cerca-se de policiais incorruptíveis –o veterano e experiente guarda das ruas Malone (Sean Connery, vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante), o íntegro promotor Oscar Wallace (Charles Martin Smith) e o jovem e habilidoso cadete George Stone (Andy Garcia) –para levar a cabo sua cruzada de finalmente por na cadeia esse chefão do crime organizado de Chicago.
Tão magistral é o trabalho de Brian De Palma (amparado nas estupendas atuações de todo o elenco, em especial o magnífico Sean Connerry e Robert De Niro, sensacional como Al Capone) que o resultado alcançado aqui se lança num patamar além das brilhantes obras referenciais que ele entregou no passado (e que tinham, também elas, um valor artístico próprio e insuspeito) incorporando uma sucessão de cenas fabulosas cujo impacto supera e mera homenagem, a melhor delas: Um tenso e brilhantemente montado tiroteio no qual um carrinho de bebê desce as escadarias em câmera lenta numa esplêndida referência à "Encouraçado Potenkin" –mas, realizada com um primor tal que, hoje, a própria cena em si é lembrada como uma das grandes seqüências do cinema.

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