segunda-feira, 21 de maio de 2018

O Código Da Vinci


Um escritor especializado em tramas pseudo-culturais de leitura para aeroporto, Dan Brown conseguiu –com suas obras estreladas pelo personagem Robert Langdom –um sucesso literário tão estrondoso que, era lógico, não tardaria a ser transferido para cinema.
É lógico também era o fato de que a primeira adaptação seria do livro que obteve todo esse sucesso, “O Código Da Vinci” que, na série de livros, é na verdade o segundo.
Ainda no calor da consagração de seu “Uma Mente Brilhante”, o diretor Ron Howard deixou de lado a encrenca que seria sua refilmagem do “Cachê”, de Michael Haneke, para abraçar este projeto bem mais ameno, fácil e comercial.
Foi Tom Hanks (com quem Howard havia feito “Splash-Uma Sereia Em Minha Vida” e “Apollo 13”) quem saiu-se melhor na disputa pelo papel principal, e de fato, como Robert Langdom ele acaba sendo um dos aspectos mais satisfatórios num filme onde pouca coisa satisfaz.
Langdom, numa atuação centrada ainda que pouco audaciosa de Hanks (cujos detalhes interpretativos foram menos reparados por público e crítica do que seu corte de cabelo mullet!) é um renomado simbologista em visita à França para uma conferência em Paris.
Chamado à cena de um crime ocorrido no Museu do Louvre, diante da própria Monalisa, Langdom deve usar de seus conhecimentos para extrair algum indício que elucide tal mistério: O detetive de polícia encarregado Fache (Jean Reno, uma escolha que não poderia ser mais adequada) acredita que existe uma mensagem plantada pela própria vítima no lugar, embora a princípio ele acredite que o próprio Langdom seja o assassino.
Durante a investigação do caso e conseqüente fuga das autoridades que o vêem como suspeito –em meio à qual sua única aliada é a jovem criptóloga Sophie Neveu (Audrey Tautou, de “O Fabuloso Destino de Amelie Poulain”, cuja compleição miúda e jeito tímido não combinam nem um pouco com a energia e o vigor da personagem do livro) –Langdom vai descobrindo segredos estarrecedores, todos levando até sociedades secretas vinculadas ao Vaticano, que dedicaram séculos e séculos de assassinatos e conspirações para ocultar um segredo capaz de desestabilizar toda a Igreja Católica.
O grande problema deste filme de Ron Howard não está, nem de longe, na reafirmação deliberada de que esta é uma obra de propósitos comerciais; está justamente na incapacidade de alcançar tais objetivos –se estava longe de ser um trabalho memorável no sentido da qualidade literária, “O Código Da Vinci”, o livro, era uma sucessão envolvente de momentos vertiginosos de suspense e perseguição; o filme de Howard, por outro lado, negligencia a maior parte desses momentos elaborados no livro, condensando-os numa narrativa sem maiores esforços para capturar a interesse do expectador.

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