domingo, 13 de maio de 2018

O Destino de Uma Nação



Prova do talento cada vez mais evidente do diretor Joe Wright (que realizou o não muito reconhecido, porém, maravilhoso “Orgulho e Preconceito”) é a maneira brilhante e cheia de estilo que ele encontra para desvencilhar este notável recorte dos primeiros percalços de Winston Churchill como Primeiro-Ministro da Inglaterra na Segunda Guerra Mundial de suas contrapartes cinematográficas, sejam as mais redundantes (o vencedor do Oscar de Melhor Filme –ainda que longe de ser merecedor –“O Discurso do Rei”), sejam as mais primordiais (o grande trabalho de Spielberg em “Lincoln”).
Sem medo de mergulhar nos meandros políticos de seu roteiro –aos quais o filme se dedica integralmente –mas, mantendo uma narrativa sempre dinâmica e envolvente, mergulhamos no caos político do Parlamento Inglês às vésperas da invasão da França pelas tropas alemãs.
Uma guerra sem precedentes ameaça a Europa e o então Primeiro-Ministro Chamberlain, afirmam seus opositores, não tem o perfil adequado para liderar o país em tempos de guerra. O partido assim se vê obrigado a indicar um novo nome para o cargo; e o único que parece ser politicamente viável é aquele eles menos querem: O explosivo e intransigente Winston Churchill (Gary Oldman) lembrado pelo lamentável episódio envolvendo o exército britânico em Galipoli.
Churchill aceita o cargo oferecido pelo rei George VI (Ben Mendelsohn, vivendo o mesmo personagem retratado em “O Discurso do Rei”) já com todas as armadilhas políticas de seus adversários prontas para tirá-lo de cena: Seus correligionários querem se isentar da guerra fazendo um acordo de paz com a Alemanha e a Itália.
Suas justificativas são as derrocadas quase consolidadas da Bélgica, da França e da Holanda, bem como a periclitante situação do contingente britânico na cidade francesa de Dunkirk (o quê estabelece entre a premissa deste filme e a de “Dunkirk”, de Christopher Nolan, um diálogo rico em informação histórica), na qual foi encurralada praticamente toda a infantaria do Reino Unido.
Sob pretextos pacifistas, os partidários desejam, portanto, uma rendição.
Mas, Churchill é um osso duro de roer e, em sua beligerância, não deseja render-se tão fácil; e, em função disso, a caracterização de Gary Oldman encontra uma precisão singular –o Oscar de Melhor Ator que ele finalmente recebeu veio assim a coroar o trabalho mais formidável numa carreira cheia de trabalhos formidáveis.
Com efeito, a narrativa do diretor Wright, parece acompanhar outros personagens no conseqüente reflexo em espantar-se com tal presença –o principal deles sendo a secretária Miss Layton, vivida pela bela Lilly James (de “Em Ritmo de Fuga”).
O quê conduz à seqüência em que Churchill, ao seguir um conselho dado pelo rei (“Ouça o povo!”) resolve andar de metrô pela primeira vez na vida (!) e, no processo, descobre a opinião dos cidadãos ingleses acerca de Hitler e da guerra; o filme de Joe Wright caminha assim na direção de sua maior e mais emocionante cena (ciente de que tem um enorme trunfo na fenomenal atuação de Oldman) quando Churchill faz seu famoso discurso diante do Parlamento e reitera, de uma vez por todas, a sua posição (e a da Inglaterra) diante do conflito injetando, num país abalado pela baixa moral, fôlego e ânimo suficientes para que o Reino Unido se mantivesse firme contra os nazistas por mais uns bons anos até que o ataque à Pearl Harbor levasse os EUA enfim a ingressar na Segunda Guerra Mundial.

Um comentário:

  1. Oldman cria um Churchill que coleciona nuances. Há o político implacável e explosivo, que sempre se impõe e, literalmente, treme de ódio; há o homem com medo dos fracassos do passado, que afina sua voz e tem um olhar mais melancólico e postura cabisbaixa. Este filme é um dos melhores do gênero de drama que estreou o ano passado acho que O Conto é um dos melhores filmes de Laura Dern. É impossível não se deixar levar pelo ritmo da historia. Amei o grande elenco do filme, quem fez possível a empatia com os seus personagens em cada uma das situações. Sem dúvida a veria novamente.

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