Prova do talento cada vez mais evidente do
diretor Joe Wright (que realizou o não muito reconhecido, porém, maravilhoso
“Orgulho e Preconceito”) é a maneira brilhante e cheia de estilo que ele
encontra para desvencilhar este notável recorte dos primeiros percalços de
Winston Churchill como Primeiro-Ministro da Inglaterra na Segunda Guerra
Mundial de suas contrapartes cinematográficas, sejam as mais redundantes (o
vencedor do Oscar de Melhor Filme –ainda que longe de ser merecedor –“O Discurso
do Rei”), sejam as mais primordiais (o grande trabalho de Spielberg em
“Lincoln”).
Sem medo de mergulhar nos meandros políticos de
seu roteiro –aos quais o filme se dedica integralmente –mas, mantendo uma
narrativa sempre dinâmica e envolvente, mergulhamos no caos político do
Parlamento Inglês às vésperas da invasão da França pelas tropas alemãs.
Uma guerra sem precedentes ameaça a Europa e o
então Primeiro-Ministro Chamberlain, afirmam seus opositores, não tem o perfil
adequado para liderar o país em tempos de guerra. O partido assim se vê
obrigado a indicar um novo nome para o cargo; e o único que parece ser
politicamente viável é aquele eles menos querem: O explosivo e intransigente
Winston Churchill (Gary Oldman) lembrado pelo lamentável episódio envolvendo o
exército britânico em Galipoli.
Churchill aceita o cargo oferecido pelo rei
George VI (Ben Mendelsohn, vivendo o mesmo personagem retratado em “O Discurso
do Rei”) já com todas as armadilhas políticas de seus adversários prontas para
tirá-lo de cena: Seus correligionários querem se isentar da guerra fazendo um
acordo de paz com a Alemanha e a Itália.
Suas justificativas são as derrocadas quase
consolidadas da Bélgica, da França e da Holanda, bem como a periclitante
situação do contingente britânico na cidade francesa de Dunkirk (o quê
estabelece entre a premissa deste filme e a de “Dunkirk”, de Christopher Nolan,
um diálogo rico em informação histórica), na qual foi encurralada praticamente
toda a infantaria do Reino Unido.
Sob pretextos pacifistas, os partidários
desejam, portanto, uma rendição.
Mas, Churchill é um osso duro de roer e, em sua
beligerância, não deseja render-se tão fácil; e, em função disso, a
caracterização de Gary Oldman encontra uma precisão singular –o Oscar de Melhor
Ator que ele finalmente recebeu veio assim a coroar o trabalho mais formidável
numa carreira cheia de trabalhos formidáveis.
Com efeito, a narrativa do diretor Wright,
parece acompanhar outros personagens no conseqüente reflexo em espantar-se com
tal presença –o principal deles sendo a secretária Miss Layton, vivida pela
bela Lilly James (de “Em Ritmo de Fuga”).
O quê conduz à seqüência em
que Churchill, ao seguir um conselho dado pelo rei (“Ouça o povo!”) resolve
andar de metrô pela primeira vez na vida (!) e, no processo, descobre a opinião
dos cidadãos ingleses acerca de Hitler e da guerra; o filme de Joe Wright
caminha assim na direção de sua maior e mais emocionante cena (ciente de que tem um
enorme trunfo na fenomenal atuação de Oldman) quando Churchill faz seu famoso
discurso diante do Parlamento e reitera, de uma vez por todas, a sua posição (e
a da Inglaterra) diante do conflito injetando, num país abalado pela baixa
moral, fôlego e ânimo suficientes para que o Reino Unido se mantivesse firme
contra os nazistas por mais uns bons anos até que o ataque à Pearl Harbor
levasse os EUA enfim a ingressar na Segunda Guerra Mundial.
Oldman cria um Churchill que coleciona nuances. Há o político implacável e explosivo, que sempre se impõe e, literalmente, treme de ódio; há o homem com medo dos fracassos do passado, que afina sua voz e tem um olhar mais melancólico e postura cabisbaixa. Este filme é um dos melhores do gênero de drama que estreou o ano passado acho que O Conto é um dos melhores filmes de Laura Dern. É impossível não se deixar levar pelo ritmo da historia. Amei o grande elenco do filme, quem fez possível a empatia com os seus personagens em cada uma das situações. Sem dúvida a veria novamente.
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