sexta-feira, 4 de maio de 2018

Patton - Rebelde Ou Herói?

No cinema, a Segunda Guerra Mundial sempre costumou ser enaltecida com produções que tratavam seus soldados com heroísmo e bravura, já à Guerra do Vietnam recebeu desde sempre um tratamento mais amargo, obscuro e revisionista.
Em 1970, com a Guerra do Vietnam ainda em curso, essa percepção –de que a guerra não oferece nada senão a brutalização do homem –influenciou profundamente o filme “Patton-Rebelde Ou Herói?” que biografava uma controversa figura entre os militares da Segunda Guerra Mundial, o implacável General George Patton (interpretado com exuberância quase assustadora por George C. Scott).
Na cena que abre o filme, vemos Patton perfilado diante da bandeira norte-americana que ocupa todo o palco no qual ele discursará –um discurso para as tropas que também é dirigido ao próprio expectador: E com isso somos imediatamente apresentados às facetas mais alarmantes do protagonista. Uma eloqüência que parece remeter às convicções fascistas; um caráter intransigente e megalomaníaco ao qual logo virou moda relacionar ao militarismo.
Na Tunísia e em diversos pontos da Europa, Patton atuou como comandante do III Exército dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, onde ganhou os anais da História revelando-se um incansável e estrategista senhor da guerra na orquestração maciça das batalhas de blindados.
Patton enxergava a guerra com um ufanismo febril e destemperado, o quê lhe faltava em tato sobrava em disposição violenta –não raro, o filme o flagra com as atitudes não de um soldado civilizado do século XX, mas de um guerreiro intempestivo e irascível de tempos antigos. Não é à toa: Patton acreditava em reencarnação, afirmando que havia lutado ao lado de Aníbal nas Guerras Púnicas e de Napoleão Bonaparte e seus exércitos na Europa Central.
Com efeito, o filme reflete essa impressão nos desdobramentos factuais da narrativa, nas referências anacrônicas e climáticas da trilha sonora e na justaposição entre as batalhas vibrantes vencidas com admirável estratégia e o comportamento maníaco e monstruoso para com seus subordinados –famosa se tornou a cena em que Patton quase estoura os miolos de um jovem soldado ferido com medo de voltar à guerra!
Numa época em que o cinema ainda não tinha ganhado produções fundamentais como “Apocalypse Now”, “O FrancoAtirador”, “Platoon” e “Nascido Para Matar”, “Patton” preencheu magnificamente bem a lacuna de ‘filme de guerra feito para chocar e esclarecer’, postura que agraciou com sete prêmios Oscar –incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor (para Franklin J. Schaffer, de “O Planeta dos Macacos”), Melhor Ator (este recusado por George C. Scott!) e Melhor Roteiro Adaptado (para um Francis Ford Coppola anterior à consagração por “O Poderoso Chefão”).

Nenhum comentário:

Postar um comentário