quinta-feira, 7 de junho de 2018

Bullitt


Alguns limites do que se supunha possíveis em filmes de ação –um gênero que ainda se encontrava precário pelas truncadas filmagens da época –foram rompidos nos anos 1960 pelo arrojo revigorante de “Bullit”, do diretor Peter Yates.
O astro Steve McQueen, vindo de obras como “Fugindo do Inferno” e “Papillon”, empresta sua expressão a um só tempo calejada e displicentemente astuta, para o destemido tenente Frank Bullitt da polícia de São Francisco.
Sua integridade e eficiência fez de Bullitt um nome murmurado com admiração pela cidade, e disposto a se aproveitar disso, o ambicioso e arrogante promotor Chalmers (Robert Vaughn) o requisita quando precisa do melhor policial para vigiar uma testemunha crucial: O ex-mafioso Ross cujo depoimento irá entregar alguns figurões do crime organizado de Chicago.
Na calada da noite, contudo, Ross é alvejado em seu esconderijo, assim como o jovem policial que tomava conta dele.
Agora, a desenvoltura de Bullitt deve caminhar por um tênue equilíbrio: De um lado, deve encontrar e prender os envolvidos no crime; de outro, precisa se esquivar das tentativas insistentes do promotor Chalmers em transformá-lo num bode expiatório, já prevendo um fracasso iminente.
Mas, Bullitt comece as malandragens necessárias para transitar no submundo de corrupção. Sabe os fios certos aos quais puxar, e compreende as chances que tem de virar o jogo –bem como o momento oportuno para delas tirar proveito.
É um personagem, uma premissa e um conceito que têm muito a ver com aquele final da década de 1960 (e ainda mais com a década de 1970), e que certamente se encaixa como uma luva num ator de atitude serenamente casca-grossa como McQueen: O homem da lei cujo entendimento das ruas e de seus códigos o leva a ter um papel singular na odisséia de crime que se desenrola.
Não à toa, “Bullitt” foi influência para toda uma gama de produções que se seguiram depois, as mais presunçosas achando que podiam igualar até mesmo seu grande momento –a cena trepidante, eletrizante e inacreditável onde o carro do policial persegue pelas ruas de São Francisco, e depois pelas auto-estradas além, o auto-móvel dos bandidos.
Não podiam: Tão única e antológica é essa cena que, na autenticidade de seus efeitos práticos e na habilidade real ostentada pelos dublês a frente das câmeras, ela continua, cinquenta anos depois, inimitável.

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