Neste bom trabalho do diretor Richard Brooks, o
título é uma metáfora da própria situação da protagonista (esboçada logo em um
dos primeiros diálogos): Uma mulher que se vê aflita, acuada, vulnerável e
potencialmente hostil por meio de uma circunstância que a narrativa haverá de
lhe impor.
Tal mulher, é Maggie (Elizabeth Taylor) que se
vê no centro de uma mesquinha disputa familiar. Seu marido, o imaturo Brick
(Paul Newman) e seu cunhado Gooper (Jack Carson) são os herdeiros em potencial
da fortuna que o patriarca Big Daddy (o ótimo Burl ives) juntou com tanto
empenho ao longo da vida.
Há uma suposição no ar de que Big Daddy não
está bem e que seu fim está próximo, o que mobiliza os parentes na ansiedade de
descobrir quem lhe sucederá. Mesmo quando ele regressa, no início do filme, de
uma clínica com notícias que indicam uma melhora, esse alívio não passa de uma
aparência.
Ao longo da festa de recepção ao Big Daddy que
se segue, Gooper e a perdulária esposa Mae (Madeleine Sherwood) irão afiar suas
garras com aquilo de que dispõe: O fato de Gooper ter se tornado advogado, de
ser aparentemente mais responsável em comparação com Brick, e de terem tido
filhos, fornecendo netos à Big Daddy.
Também Brick e Maggie têm sua própria roupa
suja para lavar: Ela deseja apoiar o marido, mas uma situação não esclarecida
no passado recente dos dois não permite que haja harmonia na relação –havendo
até mesmo uma sutil sugestão de envolvimento homoafetivo que nunca é
completamente desenvolvida pela premissa.
No filme que se inicia caótico e repleto de
segundas intenções, Big Daddy surge assim como um catalizador dessas verdades
que precisam aflorar para que uma solução seja encontrada; antes que seja
tarde.
Com o pé quebrado todo o filme –e, por isso
mesmo, manco e fragilizado –Brick parece ser o único personagem consciente de
tal finitude, embora seu comportamento evasivo, inconsequente e alcoólatra na
maior parte do tempo acabe escondendo as melhores características do personagem
(não o livra da apatia nem mesmo o fato de ter ganhado sua própria
cena-prólogo). Ainda que pareça ser essa mesma a intenção existente na peça de
Tennessee Williams: A de salientar o quão fácil as intrigas de poder enfatizam
o pior do ser humano.
Maggie não é, portanto, nenhuma heroína –embora
a presença carismática e encantadora de Elizabeth Taylor consigam elevá-la a
tal patamar, minimizando a humanização torpe que a personagem sofre (como a
todos no filme) e levando o público a torcer por ela e por Brick, num
maniqueísmo que provavelmente não se expressava com tanta força na versão
teatral.
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