quinta-feira, 28 de junho de 2018

Histórias de Amor


Quando o ator principal assume também a função de diretor –e nelas embute, conjugadas, todo seu repertório profissional na ênfase da atuação –as comparações com Woody Allen já se fazem inevitáveis; quando a trama então dá margem à especulação dos conflitos de um relacionamento, fica indisfarçável.
É um pouco esta a situação de Josh Radnor (um dos atores da série “How I Meet Your Mother”) nesta obra: O fato dele querer brincar de Woody Allen e dá arriscada comparação a que ele e seu filme se submetem.
Entretanto, ele se sai até que bem ao realizar uma obra sensível e de luz própria.
Jesse, seu personagem, é um nova-iorquino de trinta anos imerso nas reflexões usuais trazidas pela vida: Olha para trás com nostalgia pela juventude que passou, e sente, à frente, uma insegurança algo infantil pelo seu futuro, ou sua velhice.
Sua crise existencial se aprofunda um pouco mais quando Peter (Richard Jenkins), um de seus mais estimados ex-professores, o convida para participar da cerimônia de aposentadoria na mesma universidade onde estudou nos anos 1990.
Os novos ares embriagam Jesse. E ele conhece novos personagens que proporcionam uma avaliação em relevo de sua vida: Há Zibby (Elizabeth Olsen, mais maravilhosa impossível), uma jovem aluna cuja compatibilidade afetiva e cultural chega a atemorizar o próprio Jesse (devido à diferença de idade entre os dois); Dean (John Magaro) um jovem sensível e inteligente, cujas aptidões intelectuais o estão conduzindo para regiões negras da própria personalidade; Nat (Zac Efron), um maluco beleza –e o personagem mais divertido do filme –que aparece nos momentos mais inusitados, sempre com um mantra filosófico na ponta da língua; e a Prof. Fairfield (Alisson Janney, charmosíssima) que, em suas aulas sobre Literatura Romântica alimentou tanto essa verve esperançosa de Jesse no passado, mas que agora não tem outra coisa a lhe oferecer senão cinismo.
Radnor faz com que todos esses personagens e suas considerações pairem ao redor do protagonista como observações pertinentes sobre as variações da vida: Todos eles são fragmentos emocionais e racionais do próprio Josh Radnor e, nesse sentido, sua narrativa assume um ritmo apropriadamente sereno para acompanhar essa trajetória, onde o protagonista caminha titubeante em direção a sua concepção de amadurecimento.

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