Quando o ator principal assume também a função
de diretor –e nelas embute, conjugadas, todo seu repertório profissional na
ênfase da atuação –as comparações com Woody Allen já se fazem inevitáveis;
quando a trama então dá margem à especulação dos conflitos de um
relacionamento, fica indisfarçável.
É um pouco esta a situação de Josh Radnor (um
dos atores da série “How I Meet Your Mother”) nesta obra: O fato dele querer
brincar de Woody Allen e dá arriscada comparação a que ele e seu filme se
submetem.
Entretanto, ele se sai até que bem ao realizar
uma obra sensível e de luz própria.
Jesse, seu personagem, é um nova-iorquino de
trinta anos imerso nas reflexões usuais trazidas pela vida: Olha para trás com
nostalgia pela juventude que passou, e sente, à frente, uma insegurança algo
infantil pelo seu futuro, ou sua velhice.
Sua crise existencial se aprofunda um pouco
mais quando Peter (Richard Jenkins), um de seus mais estimados ex-professores,
o convida para participar da cerimônia de aposentadoria na mesma universidade
onde estudou nos anos 1990.
Os novos ares embriagam Jesse. E ele conhece
novos personagens que proporcionam uma avaliação em relevo de sua vida: Há
Zibby (Elizabeth Olsen, mais maravilhosa impossível), uma jovem aluna cuja
compatibilidade afetiva e cultural chega a atemorizar o próprio Jesse (devido à
diferença de idade entre os dois); Dean (John Magaro) um jovem sensível e
inteligente, cujas aptidões intelectuais o estão conduzindo para regiões negras
da própria personalidade; Nat (Zac Efron), um maluco beleza –e o personagem
mais divertido do filme –que aparece nos momentos mais inusitados, sempre com
um mantra filosófico na ponta da língua; e a Prof. Fairfield (Alisson Janney,
charmosíssima) que, em suas aulas sobre Literatura Romântica alimentou tanto
essa verve esperançosa de Jesse no passado, mas que agora não tem outra coisa a
lhe oferecer senão cinismo.
Radnor faz com que todos esses personagens e
suas considerações pairem ao redor do protagonista como observações pertinentes
sobre as variações da vida: Todos eles são fragmentos emocionais e racionais do
próprio Josh Radnor e, nesse sentido, sua narrativa assume um ritmo
apropriadamente sereno para acompanhar essa trajetória, onde o protagonista
caminha titubeante em direção a sua concepção de amadurecimento.
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