sexta-feira, 27 de julho de 2018

Os Girassóis da Rússia


A primeira parte de um dos mais populares filmes onde Vittorio De Sica reuniu a dupla Sofia Loren e Marcelo Mastroianni é narrada num tom de comédia.
Giovanna (Sofia) e Antonio (Mastroianni) vivem um romance tumultuado, tão mais sujeito a desentendimentos de arroubos passionais como de juras constantes de amor. E durante essa primeira metade, os dotes cômicos dos dois –bem como seu resplendente carisma –são empregados com eficácia e objetividade.
São os anos 1940, e a Segunda Guerra Mundial está em curso. Não convém ser um rapaz em idade adequada para o combate e ficar dando bandeira ao lado da amada –no entanto, é exatamente o que o avoado Antonio faz. Resultado: Embora até tenha feita lá das suas para tentar burlar a obrigatoriedade do alistamento, Antonio não teve escolha senão se vestir de soldado e partir para o combate deixando sua amada na estação sob a promessa de seu retorno.
Junto com Antonio vai-se embora também todo o tom festivo, cômico e caloroso do filme.
A segunda parte de “Girassóis da Rússia” é, num gesto deliberado de seu diretor, definida pela aflição: Os anos se passam à medida que Giovanna se corrói por dentro sem saber que fim Antonio levou, ou quais foram as razões que o levaram a nunca retornar –ela refuta qualquer possibilidade de seu grande amor ter morrido no campo de batalha.
E a partir desse trecho, também, a narrativa passa a sustentar-se em cima da versatilidade dramática de Sofia Loren que, além de bela e envolvente, faz jus a esse apoio.
É bem verdade que o forte apelo deste filme de grande sucesso em sua época está na imensa força de sua história e não em sua capacidade de surpreender; é até relativamente simples determinar quais serão os passos óbvios dados pelos personagens. É claro que Giovanna irá partir em uma investigação por conta própria para descobrir o paradeiro de Antonio. É claro que o filme não irá impor a ela (e ao expectador) um desfecho inconcluso e, em algum momento, ela irá descobrir o quê aconteceu com Antonio.
E é claro que o diretor Vittorio de Sica usará desses expedientes para elaborar um dos mais rasgados romances de melodrama do cinema: Uma conjunção hábil de protagonistas dotados de imenso apreço junto ao público com uma história de cunho popular com todos os lances dramáticos e novelescos que se pode esperar de um drama romântico assumido em suas características mais gritantes.

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