Uma característica bastante notável neste filme
de Mike Nichols, audacioso para sua época em inúmeros aspectos, é seu emprego
quase inovador da música: Antigamente, canções eram produzidas especialmente
para seus filmes. Foi esta produção de Nichols que levou uma proposta
mercadologicamente inesperada (embora hoje até pareça bem óbvia) de que o filme
e a narrativa em si poderiam ganhar enorme significado emocional acrescidos de
uma música previamente conhecida do público.
Neste caso, estamos falando das inebriantes
canções da dupla Simon & Garfunkel que pontuam o filme, não apenas a
conhecida “Mrs. Robinson”, como também a belíssima “The Sound Of Silence” e
outras.
Isso proporciona à trama do rapaz recém-graduado
(Dustin Hoffman) que se apaixona pela filha da mulher madura que o seduziu um
diferencial que à época poderia ser definido como inigualável.
Benjamin Braddock é jovem e cheio de
expectativas para com o futuro –tanto que elas quase parecem oprimi-lo –e Mrs.
Robinson (Anne Bancroft) vem a ser a primeira mulher a revelar a ele as
intensas nuances a serem experimentadas num relacionamento com o sexo oposto
–mesmo que esse relacionamento se mostre basicamente físico e um tanto quanto
temperado de cinismo e desilusão da parte dela.
É Elaine (Katharine Ross), entretanto, o
elemento inesperado nessa dinâmica: Filha de Mrs. Robinson, ela tem a idade
compatível com Benjamin para uma relação mais aceitável ainda que, no
princípio, ele queira refutar isso tratando-a com amarga indiferença. O arrependimento
que Benjamin sente com esses atos, contudo, o fará ainda mais suscetível aos
encantos da jovem.
Ao fim, como toca a uma comédia romântica
–seguramente atenta, porém, às características de drama –o rapaz se apaixonará
pela moça, sendo a presença da mãe dela (mais existencial do que física) uma
barreira para a concretização do romance.
Correspondendo a todos os expedientes dos
desenlaces românticos, o diretor Mike Nichols conduz seu filme de maneira a
obedecer os códigos de superficialidade e idealização que norteiam esse gênero
e que tanto agradam seu público –inclusive com o apoteótico desfecho onde o
jovem invade um casamento e confronta todos os participantes para fugir de lá
com a noiva –mas, poucos foram os que notaram (entre eles, certamente, os
realizadores de “500 Dias Com Ela”) uma ênfase de desmistificador realismo
embutido ali, no súbito silêncio que contamina os jovens protagonistas no take
final. Como se fosse um ponto de interrogação (e não um ponto final) a deixar
uma dúvida existencial e relevante naquilo que os jovens interpretam como um
perfeito final feliz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário