Antes de Greta Gerwig apenas outras quatro
mulheres foram indicadas ao Oscar de Melhor Direção. Foram elas: Lina Wertmüller (“Pasqualino Sete Belezas”), Jane Campion (“O Piano”), Sofia Coppola
(“Encontros e Desencontros”) e Kathryn Bigelow (“Guerra Ao Terror”), esta
última sendo a única a de fato conquistar o prêmio.
É com um filme notadamente autobiográfico, todo
cheio de sutilezas e acertos técnicos e artísticos incontestes que Gerwig (que
ganhou fama como atriz em filmes como “Frances Ha” e “Miss América”) vem a se
incluir nesse seleto grupo.
A adolescente Christine McPherson (Saoirse
Ronan, como sempre sensacional) alimenta uma rebeldia de tal modo existencial
que contesta o próprio nome que tem: Diz a todos que prefere ser chamada de
Lady Bird!
O filme do qual é protagonista acompanha sua
rotina, suas experiências e impressões tornando-a tão próxima da gente que em
pouco tempo parecemos estar acompanhando o diário íntimo de uma amiga pessoal.
Ela flerta com suas primeiras possibilidades de
namoradinhos, o sensível Danny (Lucas Hedge, de “Manchester À Beira-Mar”) e o tão
boçal quanto desajustado Kyle (Timothée Chamalet), e vivencia dramas até
corriqueiros antes de sua formatura –e bastante comuns à filmes que adotam tal
tema –que ganham notável pertinência na hábil narrativa.
Moradora de Sacramento –cidadezinha cuja
normalidade a angustia –Lady Bird sonha com a cosmopolita Nova York, para a
qual alimenta sonhos de ir aproveitando a deixa de sua ida para a faculdade.
Mas, Marion, a mãe de Lady Bird (a ótima Laurie
Metcalf) não compactua com tal ideia. Porque a família não tem condições
financeiras para isso (o quê leva Lady Bird a tomar suas medidas indo atrás de
uma bolsa de estudos). Porque existem boas faculdades ali perto que até então
satisfizeram muito bem os membros anteriores da família (e assuntos como esse
já começam a fomentar as ocasionais brigas entre as duas). E porque Marion,
apesar de nunca conseguir expressar ou verbalizar, ama Lady Bird e lhe é
doloroso vê-la ir embora –e esse detalhe crucial não ficaria nítido para o
expectador não fosse o fato deste filme singelo ser realizado com perícia
absoluta: Em tanta coisa “Lady Bird” acerta que recebeu merecidas indicações ao
Oscar 2018.
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