quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Lady Bird - É Hora de Voar


Antes de Greta Gerwig apenas outras quatro mulheres foram indicadas ao Oscar de Melhor Direção. Foram elas: Lina Wertmüller (“Pasqualino Sete Belezas”), Jane Campion (“O Piano”), Sofia Coppola (“Encontros e Desencontros”) e Kathryn Bigelow (“Guerra Ao Terror”), esta última sendo a única a de fato conquistar o prêmio.
É com um filme notadamente autobiográfico, todo cheio de sutilezas e acertos técnicos e artísticos incontestes que Gerwig (que ganhou fama como atriz em filmes como “Frances Ha” e “Miss América”) vem a se incluir nesse seleto grupo.
A adolescente Christine McPherson (Saoirse Ronan, como sempre sensacional) alimenta uma rebeldia de tal modo existencial que contesta o próprio nome que tem: Diz a todos que prefere ser chamada de Lady Bird!
O filme do qual é protagonista acompanha sua rotina, suas experiências e impressões tornando-a tão próxima da gente que em pouco tempo parecemos estar acompanhando o diário íntimo de uma amiga pessoal.
Ela flerta com suas primeiras possibilidades de namoradinhos, o sensível Danny (Lucas Hedge, de “Manchester À Beira-Mar”) e o tão boçal quanto desajustado Kyle (Timothée Chamalet), e vivencia dramas até corriqueiros antes de sua formatura –e bastante comuns à filmes que adotam tal tema –que ganham notável pertinência na hábil narrativa.
Moradora de Sacramento –cidadezinha cuja normalidade a angustia –Lady Bird sonha com a cosmopolita Nova York, para a qual alimenta sonhos de ir aproveitando a deixa de sua ida para a faculdade.
Mas, Marion, a mãe de Lady Bird (a ótima Laurie Metcalf) não compactua com tal ideia. Porque a família não tem condições financeiras para isso (o quê leva Lady Bird a tomar suas medidas indo atrás de uma bolsa de estudos). Porque existem boas faculdades ali perto que até então satisfizeram muito bem os membros anteriores da família (e assuntos como esse já começam a fomentar as ocasionais brigas entre as duas). E porque Marion, apesar de nunca conseguir expressar ou verbalizar, ama Lady Bird e lhe é doloroso vê-la ir embora –e esse detalhe crucial não ficaria nítido para o expectador não fosse o fato deste filme singelo ser realizado com perícia absoluta: Em tanta coisa “Lady Bird” acerta que recebeu merecidas indicações ao Oscar 2018.

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