Um ator brilhante normalmente mais associado a
coadjuvantes –mas, tendo seu momento de brilho em pelo menos uma ocasião, no
magnífico “Barton Fink-Delírios de Hollywood” –John Turturro arrisca-se na
direção reservando para si um personagem que representa, em geral, uma massagem
de ego para qualquer intérprete que se preze: Altivo, solene e inabalável.
Fioravante tem todas essas características e
ainda divide muitas cenas com o notável elenco feminino que para este filme foi
arregimentado.
De humor tipicamente nova-iorquino, Turturro já
escancara sua referência mais óbvia colocando Woody Allen como seu co-astro –e amplificando
ao máximo a sensação de déja vu ainda estamos numa comédia de raízes profunda e
culturalmente judaicas!
Murray Schwartz, personagem de Allen, desfez-se
a pouco da livraria que pertenceu a sua família por gerações. Ao mesmo tempo,
seu funcionário e amigo de longa data, o próprio Fioravante, terminou na
dependência de bicos ocasionais como encanador e eletricista.
Mas, Murray tem um plano impronunciável:
Ofertou –meio que à revelia dele –os serviços viris de Fioravante a sua médica
(Sharon Stone) que, curiosa por realizar um ménage à trois ao lado da amiga (Sofia
Vergara), encontrou em Fioravante, proposto por Murray, uma saída para seu
anseio.
Relutante mas, de certa maneira passivo, ele
concorda com a situação imediatamente criada por Murray que vira, no frigir dos
ovos, seu cafetão. Ele, com a sucessão de serviços bem prestados (!), eles
iniciam um novo negócio que bate de frente com a rigidez da comunidade judaica
do bairro onde moram quando Murray resolve atrair como cliente a viúva Avigal
(a francesa Vanessa Paradis), o objeto do desejo, por sua vez, do patrulheiro
do bairro Dovi (Liev Schreiber) que passa a vigiar a dupla de perto.
Há um humor contido e pretensamente elegante
neste filme bem menos atrevido e malicioso que sua premissa é capaz de sugerir.
Ele revela um bom diretor de cenas em John
Turturro certamente mais voltado para as sutilezas da atuação do elenco –como era
de se esperar –do que para aspectos mais técnicos como montagem e ritmo. No final,
ele próprio parece bastante consciente de que, se existem acertos em seu filme,
eles ocorrem pelas inspiradas escolhas de seus atores e atrizes.
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