Uma diversão só este filme!
Longe de incursões pretensiosas em variações do
gênero faroeste que definiram a produção dos anos 1960 e 70, o trabalho do
diretor Hal Needham, lançado em 1979, é de tal forma descompromissado que seu
objetivo não parece nem mesmo fazer de seus três personagens principais
variações debochadas dos três protagonistas de “Era Uma Vez No Oeste” –o que,
no princípio, ele até dá a impressão de ser.
Lembra um pouco o vilão de Henry Fonda o
azarado bandido Cactus Jack Slade interpretado por Kirk Douglas na plenitude de
seu timing cômico –pouco explorado ao longo de sua carreira. Assim como o
personagem de Arnold Schwarzenegger, Forasteiro Bonitão (sim, esse é nome do
personagem!), ligeiramente parece fazer as vezes do pistoleiro vivido por
Charles Bronson, o que torna a insinuante mocinha interpretada por Ann-Margret,
uma versão ainda mais melindrosa e estonteante da heroína vivida por Claudia
Cardinale.
Na cena que abre o filme (hilária, por sinal),
já descobrimos o potencial para o infortúnio do bandido Cactus Jack: Ele quer
se firmar como grande bandido no Velho Oeste –e para tanto, até cata dicas em
livretos com histórias de Jesse James, Billy The Kid e outros –mas, todas os
seus planos dão errados, em muitas das vezes, por conta de seu cavalo, Uísque,
que não resiste à tentação de ocasionalmente sacaneá-lo.
No entanto, um banqueiro pra lá de
inescrupuloso (Jack Elam, ator presente, aliás, no elenco de “Era Uma Vez No
Oeste”) aparece com uma proposta: Quer que Cactus Jack realize um roubo!
A vítima em questão é a mocinha Charmosa Jones
(Ann-Marget, a tentação em pessoa) que levará numa carroça um empréstimo
polpudo para a mina de prata de seu pai. No caminho, ela conta com a proteção
do fortão e inocente Forasteiro Bonitão, em cima de quem joga charme o filme
todo sem muito resultado.
Com essa premissa que lembra mais um desenho
animado de Hanna-Barbera, o diretor Hal Needham (cujos créditos incluem a
comédia de perseguição “Agarra-Me Se Puderes”) constrói o seu filme, dando ao
roteiro –a partir do momento em que Charmosa e Bonitão pegam a estrada e os
incessantes planos atrapalhados de Cactus Jack se iniciam –uma estrutura
episódica, onde as presepadas físicas do atrapalhado vilão se sucedem.
No desfecho, inesperado para alguns, a
narrativa até presta uma manobra de simpatia em favor de seu desafortunado (e,
no fim das contas, simpático) vilão.
Parece muito com o humor pastelão de Blake
Edwards na série “A Pantera Cor-de-Rosa”, com um resultado igualmente saboroso
e engraçado.
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