quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Cactus Jack - O Vilão


Uma diversão só este filme!
Longe de incursões pretensiosas em variações do gênero faroeste que definiram a produção dos anos 1960 e 70, o trabalho do diretor Hal Needham, lançado em 1979, é de tal forma descompromissado que seu objetivo não parece nem mesmo fazer de seus três personagens principais variações debochadas dos três protagonistas de “Era Uma Vez No Oeste” –o que, no princípio, ele até dá a impressão de ser.
Lembra um pouco o vilão de Henry Fonda o azarado bandido Cactus Jack Slade interpretado por Kirk Douglas na plenitude de seu timing cômico –pouco explorado ao longo de sua carreira. Assim como o personagem de Arnold Schwarzenegger, Forasteiro Bonitão (sim, esse é nome do personagem!), ligeiramente parece fazer as vezes do pistoleiro vivido por Charles Bronson, o que torna a insinuante mocinha interpretada por Ann-Margret, uma versão ainda mais melindrosa e estonteante da heroína vivida por Claudia Cardinale.
Na cena que abre o filme (hilária, por sinal), já descobrimos o potencial para o infortúnio do bandido Cactus Jack: Ele quer se firmar como grande bandido no Velho Oeste –e para tanto, até cata dicas em livretos com histórias de Jesse James, Billy The Kid e outros –mas, todas os seus planos dão errados, em muitas das vezes, por conta de seu cavalo, Uísque, que não resiste à tentação de ocasionalmente sacaneá-lo.
No entanto, um banqueiro pra lá de inescrupuloso (Jack Elam, ator presente, aliás, no elenco de “Era Uma Vez No Oeste”) aparece com uma proposta: Quer que Cactus Jack realize um roubo!
A vítima em questão é a mocinha Charmosa Jones (Ann-Marget, a tentação em pessoa) que levará numa carroça um empréstimo polpudo para a mina de prata de seu pai. No caminho, ela conta com a proteção do fortão e inocente Forasteiro Bonitão, em cima de quem joga charme o filme todo sem muito resultado.
Com essa premissa que lembra mais um desenho animado de Hanna-Barbera, o diretor Hal Needham (cujos créditos incluem a comédia de perseguição “Agarra-Me Se Puderes”) constrói o seu filme, dando ao roteiro –a partir do momento em que Charmosa e Bonitão pegam a estrada e os incessantes planos atrapalhados de Cactus Jack se iniciam –uma estrutura episódica, onde as presepadas físicas do atrapalhado vilão se sucedem.
No desfecho, inesperado para alguns, a narrativa até presta uma manobra de simpatia em favor de seu desafortunado (e, no fim das contas, simpático) vilão.
Parece muito com o humor pastelão de Blake Edwards na série “A Pantera Cor-de-Rosa”, com um resultado igualmente saboroso e engraçado.

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