quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Muito Bem Acompanhada


Um dos astros do ótimo “O Casamento do Meu Melhor Amigo”, o ator Dermot Mulroney deve gostar muito de comédias românticas ambientadas em casamentos: Este novo filme do qual é protagonista dialoga de forma interessante com aquele do qual ele participou nos anos 1990.
Aqui ele é Nick Mercer, um acompanhante de mulheres solitárias que é recrutado pela desesperada Kate (Debra Messing) para escapar de uma saia justa: Convidada para o casamento da irmã (Amy Adams), a ser realizado em Londres, Kate não deseja parecer, aos olhos da família, a fracassada que pensa ser –ela quer chegar se sobressaindo à mediocridade e ostentar o namorado mais vistoso, charmoso e apropriado possível; é aí que entra Nick e sua disponibilidade remunerada.
Quando o casal aporta no meio da numerosa e tumultuada família –sem o devido tempo para conhecer um ao outro –as coisas começam a se complicar: Não apenas se somam as neuroses absurdas dos familiares de Kate (a acidez indiscreta da mãe, o rancor mal disfarçado da irmã), como também revelações acerca de Jeffrey (Jeremy Sheffield), o ex-noivo de Kate (e razão principal para que ele chegasse ali acompanhada de alguém...) e, por sinal, padrinho do casamento, vêem à tona para complicar tudo ainda mais.
Nesse interim, Nick e Kate tornam nebulosas as regras que os definem como acompanhante e sua cliente, e começam a vislumbrar o envolvimento de uma relação de verdade.
Como quase toda comédia romântica, inevitavelmente assolado por uma ou outra cena que irá saturar a paciência do expectador, o filme, em sua ingenuidade, até consegue se mostrar gracioso graças à química do casal central: Não só Dermot Mulroney tira de letra as exigências de um papel ostensivo, mas que ao mesmo tempo exige carisma para conquistar a torcida do expectador, como, acima de tudo, Debra Messing cativa com seu registro sem afetações nem exageros das aflições românticas de uma jovem mulher moderna.
Não há como escapar do que fato de que, no visual de cartão-postal que evoca, no romantismo etéreo que impõem a todos os seus desdobramentos e na condução adocicada de sua situação central, o filme dá um corpo divertido e descontraído à uma quase fantasia masculina: A do príncipe encantado, digamos assim, que aparece para salvar o dia de uma solteirona e ainda deixar as outras mortas de inveja dela.
Por esse ângulo, seu resultado simpático é muito mais válido do que o fetichista “Cinquenta Tons de Cinza”.

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