Mescla de filme de espionagem e filme de
tribunal, este ‘Circuito Fechado” é uma produção britânica em toda sua pompa e
circunstância; beneficia-se, particularmente, da austeridade a toda prova de um
elenco hábil –inclusive, pontuais presenças coadjuvantes –que conferem sólida
credibilidade a uma premissa que, se fosse encenada por histriônicos intérpretes
norte-americanos, poderia resvalar no mirabolante e no improvável.
Seu protagonista é o advogado Martin Rose,
vivido pelo competente australiano Eric Bana.
Rose se vê no centro das atenções ao ser
escolhido como advogado num processo judicial que monopoliza a opinião pública:
O julgamento de um forte suspeito terrorista, acusado de um atentado –revela
brilhante e subjetivamente na cena de abertura –no centro de Londres.
Rose, contudo, não era a primeira opção: O
advogado anterior suicidou-se.
Ao longo do processo, no qual assume a defesa
do réu, Rose terá de lidar com a tensão mal-resolvida entre ele e Claudia
Simmons-Howe (Rebecca Hall, sempre bela e focada), um relacionamento do passado
que, por ventura, é também nomeada para a equipe de defesa.
É ao aprofundar-se nos detalhes do processo que
o caso revela à Rose e à Claudia seus detalhes mais nebulosos e
desconcertantes: A quantidade exacerbada de informação omitida, os protocolos
excessivamente rígidos e confidenciais e os indícios cada vez mais alarmantes
de que são espionados em todos os passos que dão, leva Rose e Claudia a
constatar que existem mais segredos nesse processo do que lhes é permitido
descobrir; e foi a proximidade deles que levou o advogado anterior à morte
(que, para todos os efeitos, tornou-se suicídio na versão oficial).
Dirigido por John Crowley (de “Brooklyn”) que
realiza uma saudável opção pelo clima bem construído em detrimento de ação
constante, “Circuito Fechado” é primoroso na criação de uma atmosfera na qual
se parece estar sendo vigiado o tempo todo, e onde não se pode confiar em
ninguém.
O expediente de um passado amoroso entre Rose e
Claudia pode parecer obviedade no início, mas ele se torna o único propósito
para que ambos confiem um no outro a partir de um determinado momento da trama.
É esse viés, entretanto, de solitários
protagonistas íntegros contra todo um sistema corrupto que enfraquece
ligeiramente o filme, sobretudo, quando ele atinge um clímax onde o roteiro
entrega um desfecho algo redundante.
Todavia, em sua admirável execução técnica,
“Circuito Fechado” ombreia alguns dos grandes trabalhos no gênero thriller de
espionagem que busca homenagear –e tendo Julia Stiles no elenco, e a inevitável
recordação da magnífica “Trilogia Bourne” que sua presença suscita, esse mérito
não é vazio.
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