sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Presa Na Escuridão


Lembrado tão somente pelo pouco relevante “Dormindo Com O Inimigo”, com Julia Roberts, no início dos anos 1990, o diretor Joseph Ruben ressurgiu no comando deste “Presa Na Escuridão” no qual apenas ratifica sua tendência para o convencional com esta trama que extrai elementos de um sem fim de outros filmes muito parecidos.
Sara (Michelle Monaghan) é uma fotógrafa de guerra cuja trágica explosão de uma bomba lhe tirou aquilo que a definia: A visão –ainda que tal drama seja absolutamente deixado de lado pelo roteiro.
Anos depois, já em Nova York e na companhia do namorado Ryan (Andrew Walker), Sara aguarda as festividades do Ano-Novo.
Entretanto, após uma ida ao supermercado tudo está diferente quando ela chega em casa. Ryan está morto (!), e um estranho chamado Chad (Barry Sloane) está em seu apartamento. Ele quer algo –dinheiro, talvez –que, aparentemente, Sara não faz ideia do que seja; as atividades ilícitas do namorado, pelo jeito, lhe eram completamente despercebidas.
A medida que galgam as aflições de Sara, outro indivíduo soma-se à vilania de Chad: O veemente Hollander (Michael Keaton, sempre inspirado).
Fazendo uma fusão objetiva e restritiva entre dois filmes até bem conhecidos –“Um Clarão Nas Trevas”, de Terence Young (onde Audrey Hepburn também vivia uma cega acuada dentro do apartamento por bandidos), e “O Homem Nas Trevas”, de Fede Alvarez (onde os assaltantes, desta vez, tinham por antagonista um cego) –o trabalho de Joseph Ruben se prejudica não pela repetição de expedientes já vistos nessas premissas, mas devido a contradição acarretada pela necessidade de estender ao máximo possível sua história.
Quase sem abandonar o espaço do apartamento da personagem principal –alternativa que parece mais por questões orçamentárias do que por opção narrativa –o roteiro faz malabarismos mirabolantes e tacanhos para conquistar reles minutos a mais de duração; sua jogada mais lastimável é a alteração de personalidade que os protagonistas sofrem em alguns momentos: Hollander, no princípio, apresenta-se como o líder experiente e austero, o único capaz de conter o ímpeto violento do psicótico Chad. Logo mais, entretanto, é Hollander quem adquire ares psicopatas e Chad ganha certa suavidade conforme o roteiro começa a querer sugerir um embate iminente entre os dois.
Não bastasse essa discutível incoerência, a própria heroína também se torna vítima dela: Sara aparenta inocência durante quase todo o filme –e nada em seu ‘background’, incluindo o flashback inicial, vai contra esses indícios –até que, de um ponto em diante, muda quase que completamente; agora, não apenas ela faz uma ideia de quem Ryan era e de onde ele escondeu o precioso material que os bandidos procuram, como usa de manipulação para fazer com que Hollander e Chad matem um ao outro.
Um resultado muito melhor poderia ter sido obtido se os realizadores estivessem atentos a pormenores mais humanos desses personagens, e não se contentasse em deles fazer arquétipos básicos.

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