Lembrado tão somente pelo pouco relevante
“Dormindo Com O Inimigo”, com Julia Roberts, no início dos anos 1990, o diretor
Joseph Ruben ressurgiu no comando deste “Presa Na Escuridão” no qual apenas
ratifica sua tendência para o convencional com esta trama que extrai elementos
de um sem fim de outros filmes muito parecidos.
Sara (Michelle Monaghan) é uma fotógrafa de
guerra cuja trágica explosão de uma bomba lhe tirou aquilo que a definia: A
visão –ainda que tal drama seja absolutamente deixado de lado pelo roteiro.
Anos depois, já em Nova York e na companhia do
namorado Ryan (Andrew Walker), Sara aguarda as festividades do Ano-Novo.
Entretanto, após uma ida ao supermercado tudo
está diferente quando ela chega em casa. Ryan está morto (!), e um estranho
chamado Chad (Barry Sloane) está em seu apartamento. Ele quer algo –dinheiro,
talvez –que, aparentemente, Sara não faz ideia do que seja; as atividades
ilícitas do namorado, pelo jeito, lhe eram completamente despercebidas.
A medida que galgam as aflições de Sara, outro
indivíduo soma-se à vilania de Chad: O veemente Hollander (Michael Keaton,
sempre inspirado).
Fazendo uma fusão objetiva e restritiva entre
dois filmes até bem conhecidos –“Um Clarão Nas Trevas”, de Terence Young (onde
Audrey Hepburn também vivia uma cega acuada dentro do apartamento por bandidos),
e “O Homem Nas Trevas”, de Fede Alvarez (onde os assaltantes, desta vez, tinham
por antagonista um cego) –o trabalho de Joseph Ruben se prejudica não pela
repetição de expedientes já vistos nessas premissas, mas devido a contradição
acarretada pela necessidade de estender ao máximo possível sua história.
Quase sem abandonar o espaço do apartamento da
personagem principal –alternativa que parece mais por questões orçamentárias do
que por opção narrativa –o roteiro faz malabarismos mirabolantes e tacanhos
para conquistar reles minutos a mais de duração; sua jogada mais lastimável é a
alteração de personalidade que os protagonistas sofrem em alguns momentos:
Hollander, no princípio, apresenta-se como o líder experiente e austero, o
único capaz de conter o ímpeto violento do psicótico Chad. Logo mais,
entretanto, é Hollander quem adquire ares psicopatas e Chad ganha certa
suavidade conforme o roteiro começa a querer sugerir um embate iminente entre
os dois.
Não bastasse essa discutível incoerência, a
própria heroína também se torna vítima dela: Sara aparenta inocência durante
quase todo o filme –e nada em seu ‘background’, incluindo o flashback inicial,
vai contra esses indícios –até que, de um ponto em diante, muda quase que
completamente; agora, não apenas ela faz uma ideia de quem Ryan era e de onde
ele escondeu o precioso material que os bandidos procuram, como usa de
manipulação para fazer com que Hollander e Chad matem um ao outro.
Um resultado muito melhor poderia ter sido
obtido se os realizadores estivessem atentos a pormenores mais humanos desses
personagens, e não se contentasse em deles fazer arquétipos básicos.
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