sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Waterworld - O Segredo das Águas


Astro fulgurante entre o fim dos anos 1980 e começo dos 1990 –não somente atuando em sucessos de bilheteria como também se saindo muito bem como diretor –era questão de tempo até que a estrela de Kevin Costner parasse de brilhar com tanta intensidade.
Só ninguém esperava que a queda fosse tão vertiginosa.
Projeto que ele acarinhou enquanto ao longo dos anos experimentava sua consagração junto ao Oscar, com “Dança Com Lobos”, ou via sua imagem associada do herói americano moderno em filmes como “Robin Hood-O Príncipe dos Ladrões” e “O Guarda-Costas”, este “Waterworld” –dirigido pelo mesmo Kevin Reynolds que o comandou em “Robin Hood” –nada mais era que uma variação de “Mad Max”, ou seja, uma aventura pós-apocalíptica, ambientada em alto mar.
E começa aí as dicas do quão problemática foi a produção: Dez entre dez realizadores de cinema irão garantir que uma das maiores dores de cabeça na execução de um filme se dá quando ele se passa no mar –desde Steven Spielberg (“Tubarão”) passando pelo que talvez seja hoje o mais colossal exemplo, James Cameron e seu “Titanic”.
Durando muito mais tempo do que o seu previsto e consumindo muito mais dinheiro de seu orçamento do que inicialmente foi programado, “Waterworld” chegou aos cinemas em 1996 após quase dois anos de uma filmagem problemática e caótica. E o filme que dela emergiu sequer valia o esforço para tanto: “Waterworld” é uma aventura aquática rasteira que em momento algum condiz com todo o falatório suscitado por sua execução.
Com o derretimento das calotas polares, os oceanos dominaram o planeta Terra levando ao surgimento de hordas de piratas que se digladiavam nos mesmos moldes que os motoqueiros de “Mad Max”.
Vivendo solitariamente nesse mundo, o personagem de Kevin Costner é o primeiro de uma evolução: um homem-peixe capaz de respirar embaixo d’água e melhor se adaptar a esse novo mundo.
É nas mãos dele que vão parar uma garotinha (Tina Majorino) e sua tutora (a bela Jeanne Tripplehorn) que trazem o segredo para encontrar o único lugar de terra firme restante no planeta; um elemento que, na forma com que se apresenta no filme, é implausível.
O grande problema de “Waterworld”, não obstante o domínio que o diretor Kevin Reynolds tem do ritmo e sua real capacidade para entregar boas cenas de ação, é que, em sua execução e finalidade, ele se contenta com pouco: É uma aventura escapista somente, dessas que passados alguns anos logo se tornavam habituais na ‘sessão da tarde’.
Esse não seria pecado algum se “Waterworld” não tivesse deixado atrás de si o rastro de uma produção tumultuada que comprometeu seriamente a carreira de seus envolvidos. Se era para resultar catastrófico, então que esses percalços extremos se refletissem na tela com o mesmo assombro megalomaníaco que foi empregado atrás das câmeras, tal qual o fizeram o já citado James Cameron, com “Titanic”, Michael Cimino, com “O Portal do Paraíso” e Francis Ford Coppola, com “Apocalypse Now”.

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