Astro fulgurante entre o fim dos anos 1980 e
começo dos 1990 –não somente atuando em sucessos de bilheteria como também se
saindo muito bem como diretor –era questão de tempo até que a estrela de Kevin
Costner parasse de brilhar com tanta intensidade.
Só ninguém esperava que a queda fosse tão
vertiginosa.
Projeto que ele acarinhou enquanto ao longo dos
anos experimentava sua consagração junto ao Oscar, com “Dança Com Lobos”, ou
via sua imagem associada do herói americano moderno em filmes como “Robin
Hood-O Príncipe dos Ladrões” e “O Guarda-Costas”, este “Waterworld” –dirigido
pelo mesmo Kevin Reynolds que o comandou em “Robin Hood” –nada mais era que uma
variação de “Mad Max”, ou seja, uma aventura pós-apocalíptica, ambientada em
alto mar.
E começa aí as dicas do quão problemática foi a
produção: Dez entre dez realizadores de cinema irão garantir que uma das
maiores dores de cabeça na execução de um filme se dá quando ele se passa no
mar –desde Steven Spielberg (“Tubarão”) passando pelo que talvez seja hoje o
mais colossal exemplo, James Cameron e seu “Titanic”.
Durando muito mais tempo do que o seu previsto
e consumindo muito mais dinheiro de seu orçamento do que inicialmente foi
programado, “Waterworld” chegou aos cinemas em 1996 após quase dois anos de uma
filmagem problemática e caótica. E o filme que dela emergiu sequer valia o
esforço para tanto: “Waterworld” é uma aventura aquática rasteira que em
momento algum condiz com todo o falatório suscitado por sua execução.
Com o derretimento das calotas polares, os
oceanos dominaram o planeta Terra levando ao surgimento de hordas de piratas
que se digladiavam nos mesmos moldes que os motoqueiros de “Mad Max”.
Vivendo solitariamente nesse mundo, o
personagem de Kevin Costner é o primeiro de uma evolução: um homem-peixe capaz
de respirar embaixo d’água e melhor se adaptar a esse novo mundo.
É nas mãos dele que vão parar uma garotinha
(Tina Majorino) e sua tutora (a bela Jeanne Tripplehorn) que trazem o segredo
para encontrar o único lugar de terra firme restante no planeta; um elemento
que, na forma com que se apresenta no filme, é implausível.
O grande problema de “Waterworld”, não obstante
o domínio que o diretor Kevin Reynolds tem do ritmo e sua real capacidade para
entregar boas cenas de ação, é que, em sua execução e finalidade, ele se
contenta com pouco: É uma aventura escapista somente, dessas que passados
alguns anos logo se tornavam habituais na ‘sessão da tarde’.
Esse não seria pecado algum se “Waterworld” não
tivesse deixado atrás de si o rastro de uma produção tumultuada que comprometeu
seriamente a carreira de seus envolvidos. Se era para resultar catastrófico,
então que esses percalços extremos se refletissem na tela com o mesmo assombro
megalomaníaco que foi empregado atrás das câmeras, tal qual o fizeram o já
citado James Cameron, com “Titanic”, Michael Cimino, com “O Portal do Paraíso”
e Francis Ford Coppola, com “Apocalypse Now”.
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