As condições não pareciam muito favoráveis para
“Aladdin” quando ele foi lançado no cinema: Logo após a consagração absoluta de
"A Bela e A Fera" junto ao Oscar (onde foi a primeira animação a
concorrer ao prêmio de Melhor Filme) e, ainda por cima, dois anos antes do
êxito gigantesco de "O Rei Leão", é um trabalho que gozava da excelência
técnica que o estúdio possuía naquele período.
Todavia, “Aladdin” –um conto clássico que, se
pararmos para pensar, até demorou para ganhar a atenção de um longa-metragem da
Disney –superou as comparações revelando-se uma animação vibrante cheia de
energia, carisma e inspiração.
Pobre e desacreditado ladrão das ruas da cidade
árabe de Agrabah, o jovem Aladdin tem a chance de realizar seu desejo de
impressionar a linda princesa Jasmine quando ela ensaia a travessura de fugir
do palácio real e embrenhar-se nas ruas e vielas da cidade em meio à população.
Contudo, o sonho do pobre garoto sequer chega
perto de se realizar e ele cai numa armação arquitetada pela vilanesco Jaffar,
um conselheiro do Grande Sultão disfarçado de velho mendigo: Crendo em suas
promessas, Aladdin acaba preso dentro de uma caverna no deserto, e lá dentro
encontra uma lâmpada mágica da qual sai um gênio (dublado com a exuberância o
habitual vigor irrequieto de Robin Williams) capaz de realizar três desejos
daquele que portar a lâmpada.
Dessa forma, livre e sob a alcunha de
"príncipe" –cortesia dos poderes transformadores do Gênio –Aladdin
tentará reconquistar o coração de Jasmine, embora todos estejam sob a ameaça do
perigoso Jaffar, que deseja o imenso poder da lâmpada para si.
São inúmeras as instâncias em que “Aladdin” se
faz notável: Era incomum para a época uma animação cuja trama se estendida a
ponto de atingir mais de noventa minutos de duração (o tempo de um
longa-metragem adulto); e o tratamento conferido ao núcleo principal de
personagens –e as distintas dinâmicas que eles estabelecem entre si –é
sintomático da perícia insuspeita dos realizadores. É particularmente notável a
importância atribuída à personagem de Jasmine, uma princesa que, em definição,
teria tudo para constar entre as mocinhas mais superficiais e secundárias da
galeria Disney: Criada para o filme, Jasmine nem mesmo pertence ao cânone do
conto original tirado de “As Mil e Uma Noites”.
Ledo engano: Jasmine tem iniciativa,
independência, pensamento crítico e um arco dramático tão bem estruturado
quanto o do protagonista-título, o que faz dela uma presença essencial ao
enredo.
Com personagens definidos com inesperada
propriedade, bom humor à toda prova (cortesia dos improvisos insanos de Robin
Williams) e uma animação frenética que aproveita maravilhosamente seu jogo
exultante de cores, “Aladdin” conquistou bilheterias e reservou para si um
lugar muito especial entre os clássicos atemporais dos Estúdios Disney.
Como é moda na atualidade, está em vias de ser
lançada uma versão em live-action de “Aladdin” onde, entre outras coisas, o
gênio de Robin Williams é incorporado por Will Smith.
É bom que eles façam seu
dever de casa com zelo e competência, pois será um desafio inquestionável
superar o primor, o encanto e a diversão deste longa animado.
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