Michael Douglas é indiscutivelmente famoso como
ator, mas na verdade, ele começou a carreira na indústria cinematográfica como
produtor –talvez, desejoso de afastar-se de comparações com seu fulgurante pai,
o astro Kirk Douglas –até mesmo o Oscar de Melhor Filme ele já havia
conquistado (pela produção de “Um Estranho No Ninho”, em 1976).
Em “Síndrome da China”, o Douglas produtor
tenta conciliar o Douglas ator, marcando presença num dos personagens
fundamentais da trama.
Parte dos politizados esforços de desarmamento
que moveram muitos veículos de mídia daquele período, “Síndrome da China” é
dirigido por James Bridges que, de mais evidência, fez os filmes “Cowboy do
Asfalto” e “Perfeição”, nos anos 1980, ambos com John Travolta.
E, se estamos falando de um projeto politizado,
acaba sendo até espontânea a presença da estrela Jane Fonda. Ela vive Kimberly
Wells, uma repórter televisiva constantemente frustrada na emissora em que
trabalha: Bela e ruiva, ela é vista por seus superiores como uma apresentadora
perfeita para noticiários banais em apresentações musicais e zoológicos. O
sonho de cobrir um furo jornalístico de relevância parece-lhe um tanto
distante.
Contudo, durante uma matéria corriqueira ao
lado do cameraman Richard Adams (Michael Douglas) na usina nuclear de Verdana,
Kimberly testemunha um acidente prontamente sanado pela equipe de manutenção.
A câmera de Richard, contra as orientações da
empresa, filma toda a comoção da equipe cujos rostos assombrados e exacerbados
indicam que a ocorrência foi muito mais séria do que sugere as atenuantes
versões oficiais.
De seu lado, Kimberly e principalmente Richard,
de natureza ativista e inconformista, tentam superar os inúmeros obstáculos
para expor a verdade que aconteceu na usina nuclear.
Do outro, o veterano técnico Jack Godell (Jack
Lemmon, fabuloso) descobre alarmantes indícios de que as certificações de
segurança baseada nas quais a usina opera foram forjadas, ou seja, o
funcionamento dos reatores nucleares pode acarretar uma catástrofe irreversível
que os especialistas chamam de Síndrome da China.
Mais que uma realização
brilhante de cinematografia (objetivo que ele atinge em partes), o filme de
Bridges, em sua posição de denúncia, se faz notável pelo grau profético obtido
por seu roteiro: Pouco depois de seu lançamento ocorreu o vazamento radioativo
na usina nuclear de Three Miles Island, nos EUA, e logo mais tarde, deu-se o de
Chernobyl, na União Soviética.
Nenhum comentário:
Postar um comentário