Entre o fim da década de 1990 e o começo da
década de 2000, o diretor Joel Schumacher, à sombra do fracasso retumbante de
“Batman & Robin”, viu-se diante de uma necessidade de se provar como
realizador. A partir de diversos filmes feitos sem maiores pressões
mercadológicas, uma coisa logo ficou bem clara: Quanto mais econômico era o
orçamento e maior era a autonomia criativa, maior era também a qualidade de
seus filmes; e quanto mais dinheiro (e pressão) envolvidos, mais risível era o
trabalho de Schumacher (excluindo-se possivelmente apenas a superprodução “O
Fantasma da Ópera”).
Foi o drama de guerra “Tigerland” que iniciou
essa fase de projetos de baixo orçamento, aberto às experimentações estéticas.
E foi também aqui que se revelou o talento do irlandês Colin Farrell, com quem
Schumacher ainda faria “Por Um Fio”.
Farrell vive Roland Bozz, um recruta como
tantos outros capturado na máquina política norte-americana para ser treinado
pelo exército e enviado para lutar no Vietnam.
Bozz, como pode-se presumir, é um rebelde.
Entretanto, sua contestação é de uma natureza muito especial: Inteligente,
observador e perspicaz juíz da natureza humana, Bozz não só consegue
desestabilizar a beligerância de seus superiores, como também identifica, entre
seus colegas, aqueles que escondem suas razões pessoais para não ir à guerra; e
consegue assim encontrar as fissuras no sistema para tirá-los do exército.
Tigerland termina sendo o nome do campo onde se
dará o último estágio do treinamento dos recrutas: Um lugar que recria, com
exatidão inóspita e perigosa, as condições cruéis, e não raro fatais, do
próprio Vietnam.
À sua maneira antimilitarista, o filme de
Schumacher presta um tributo especial à “Os Rapazes da Companhia C” na maneira
com que organiza sua narrativa; excluindo, porém, a ida ao Vietnam.
No protagonismo enfatizado
do carismático personagem de Colin Farrell, na atenção algo melodramática
prestada aos dramas individuais de cada recruta, e nos rumos objetivos de sua
trama, o diretor não esconde suas intenções pacifistas, ainda que haja um
indisfarçável fetichismo pelos soldados e pelos aspectos militares, facetas que
a manhosa narrativa, com estudada câmera na mão, tenta, mas não consegue
ocultar.
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