segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Super Fly

Com a ampla repercussão de “Sweet Sweetback’s Baadasssss Song”, era uma questão de tempo até que houvessem esforços vindos da própria engrenagem hollywoodiana para explorar um filão de tal apelo popular.
Cerca de um ano depois da obra de Melvin Van Peebles, a indústria fez sua primeira tentativa de adesão à blaxploitation quando “Super Fly”, de Gordon Sparks Jr., foi distribuído comercialmente pelos estúdios da Warner Bros.
Ainda um produto do gueto, ainda uma realização marginal –e preservando deliberadamente essas características para se fazer genuíno aos olhos do estúdio –“Super Fly” não ostenta o vigor narrativo do filme de Van Peebles, nem tampouco se presta à mesma acidez e postura sócio-política radical; em vez disso, “Super Fly” incorpora as definições mais estilísticas do sub-gênero, sobretudo, no que diz respeito à sua trilha sonora: Executada por Curtis Mayfield, a trilha de “Super Fly” é de tal forma antológica que determina todo o seu ritmo e estabelece a atmosfera de todas as suas cenas.
Gangster cheio de pose do subúrbio, o compenetrado Priest (Ron O’ Neal) tem um plano. Quer abandonar os negócios criminosos enquanto é tempo, e enquanto é vivo.
A fim de concluir esse objetivo, ele e seu sócio precisam levantar um milhão de dólares vendendo uma quantia especialmente grande de cocaína da melhor qualidade.
A tentativa de Priest de navegar por entre essas circunstâncias da criminalidade e os meios que encontra para contornar eventuais obstáculos pavimentam o rumo tomado pela narrativa.
No mesmo ano (1972) em que Coppola promoveu, com “O Poderoso Chefão”, o retrato definitivo dos mafiosos cinematográficos, o diretor Gordon Sparks Jr. Ilustra à sua maneira algo instintiva e aleatória um registro próprio dos meandros do gangsterismo, temperados com reflexos condicionados da blaxploitation.
Embora sua obra termine num meio termo entre drama autêntico e oportunista tendência mercadológica a sua importância para com o estabelecimento do sub-gênero da blaxploitation em si na cultura pop não merece ser questionada.

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