Com a ampla repercussão de “Sweet Sweetback’s Baadasssss Song”, era uma questão de tempo até que houvessem esforços vindos da
própria engrenagem hollywoodiana para explorar um filão de tal apelo popular.
Cerca de um ano depois da obra de Melvin Van
Peebles, a indústria fez sua primeira tentativa de adesão à blaxploitation
quando “Super Fly”, de Gordon Sparks Jr., foi distribuído comercialmente pelos
estúdios da Warner Bros.
Ainda um produto do gueto, ainda uma realização
marginal –e preservando deliberadamente essas características para se fazer
genuíno aos olhos do estúdio –“Super Fly” não ostenta o vigor narrativo do
filme de Van Peebles, nem tampouco se presta à mesma acidez e postura
sócio-política radical; em vez disso, “Super Fly” incorpora as definições mais
estilísticas do sub-gênero, sobretudo, no que diz respeito à sua trilha sonora:
Executada por Curtis Mayfield, a trilha de “Super Fly” é de tal forma
antológica que determina todo o seu ritmo e estabelece a atmosfera de todas as
suas cenas.
Gangster cheio de pose do subúrbio, o
compenetrado Priest (Ron O’ Neal) tem um plano. Quer abandonar os negócios
criminosos enquanto é tempo, e enquanto é vivo.
A fim de concluir esse objetivo, ele e seu
sócio precisam levantar um milhão de dólares vendendo uma quantia especialmente
grande de cocaína da melhor qualidade.
A tentativa de Priest de navegar por entre
essas circunstâncias da criminalidade e os meios que encontra para contornar
eventuais obstáculos pavimentam o rumo tomado pela narrativa.
No mesmo ano (1972) em que Coppola promoveu,
com “O Poderoso Chefão”, o retrato definitivo dos mafiosos cinematográficos, o
diretor Gordon Sparks Jr. Ilustra à sua maneira algo instintiva e aleatória um
registro próprio dos meandros do gangsterismo, temperados com reflexos
condicionados da blaxploitation.
Embora sua obra termine num
meio termo entre drama autêntico e oportunista tendência mercadológica a sua
importância para com o estabelecimento do sub-gênero da blaxploitation em si na
cultura pop não merece ser questionada.
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