Embora pouco conhecida, a parceria do astro
Jack Nicholson e do diretor Bob Rafelson rendeu vários filmes ao longos dos
anos, como o indicado ao Oscar “Cada Um Vive Como Quer”, o elogiado “O Rei da
Ilusão”, a refilmagem de “O Destino Bate À Sua Porta” e o drama “Sangue &
Vinho”.
Entre esses projetos, a dupla se saiu com este
“Cão de Guarda” em meados dos anos 1990, entregando um misto pouco harmonioso
de comédia romântica e intriga detetivesca.
Jack Nicholson é Harry Bliss cuja especialidade
são serviços de segurança, além da tendência crônica de levar os outros na
conversa –desde sua esposa oriental até sua secretária e ocasionais credores.
Harry conhece Joan (a sensualíssima Ellen
Barkin), uma cantora de ópera que se acha em maus lençóis: A casa dela foi
invadida e, agora que instalou-se na mansão da irmã Andy (a também sensual
Bervely D’Angelo) enquanto está viajando, a paranóia de Joan não a permite
tranquilizar-se ficando sozinha.
A saída é alugar um cão de guarda, serviço
oferecido por Harry.
Entretanto, Harry não é flor que se cheire, e
já farejou não só a carência e a disponibilidade de sua nova cliente como
também o alto estilo de vida de sua família.
Jogando papo para cima dela –e certamente
escondendo seu verdadeiro estado matrimonial –Harry acaba se envolvendo na
recente confusão familiar de Joan: Em processo de divórcio, Andy escreveu um
livro sobre um certo Red Layls (Harry Dean Stanton), o último marido dela que
aparentemente é um mafioso. Como tal livro contendo revelações da vida ilícita
de Layls não pode ser publicado, seu escorregadio advogado (Saul Rubinek, de
“Os Imperdoáveis”) coloca Harry na história para que vasculhe a mansão em busca
do manuscrito.
Dividido entre a promessa da recompensa polpuda
e a paixão genuína que descobre sentir por Joan, Harry mete os pés pelas mãos,
arrumando mais confusão do que resolvendo.
Um personagem adoravelmente corrupto e
incorrigível, no qual Jack Nicholson, excelente como sempre, deita e rola.
É sua presença, mais que
qualquer outra coisa, que faz valer a espiada nesta comédia claudicante, de um
humor indefinido e incapaz de se situar com mais solidez num gênero específico:
Ela passeia com galhofa por circunstâncias de suspense ao estilo policial,
flerta com a trama da irmã envolvida com a máfia para abandoná-la num ponto,
aproveita e reaproveita informações acerca do psicopata que supostamente
persegue Joan sem jamais tornar aquilo pertinente à narrativa, e no final das
contas, só deposita alguma ênfase mesmo na química eventualmente boa de Nicholson
e Barkin, embora aqui, ela deixe um pouco de lado a imensa adequação aos papéis
de femme fatale descoberta no sucesso “Vítimas de Uma Paixão” para investir num
trabalho cômico sem muito brilho.
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