terça-feira, 3 de março de 2020

Cão de Guarda

Embora pouco conhecida, a parceria do astro Jack Nicholson e do diretor Bob Rafelson rendeu vários filmes ao longos dos anos, como o indicado ao Oscar “Cada Um Vive Como Quer”, o elogiado “O Rei da Ilusão”, a refilmagem de “O Destino Bate À Sua Porta” e o drama “Sangue & Vinho”.
Entre esses projetos, a dupla se saiu com este “Cão de Guarda” em meados dos anos 1990, entregando um misto pouco harmonioso de comédia romântica e intriga detetivesca.
Jack Nicholson é Harry Bliss cuja especialidade são serviços de segurança, além da tendência crônica de levar os outros na conversa –desde sua esposa oriental até sua secretária e ocasionais credores.
Harry conhece Joan (a sensualíssima Ellen Barkin), uma cantora de ópera que se acha em maus lençóis: A casa dela foi invadida e, agora que instalou-se na mansão da irmã Andy (a também sensual Bervely D’Angelo) enquanto está viajando, a paranóia de Joan não a permite tranquilizar-se ficando sozinha.
A saída é alugar um cão de guarda, serviço oferecido por Harry.
Entretanto, Harry não é flor que se cheire, e já farejou não só a carência e a disponibilidade de sua nova cliente como também o alto estilo de vida de sua família.
Jogando papo para cima dela –e certamente escondendo seu verdadeiro estado matrimonial –Harry acaba se envolvendo na recente confusão familiar de Joan: Em processo de divórcio, Andy escreveu um livro sobre um certo Red Layls (Harry Dean Stanton), o último marido dela que aparentemente é um mafioso. Como tal livro contendo revelações da vida ilícita de Layls não pode ser publicado, seu escorregadio advogado (Saul Rubinek, de “Os Imperdoáveis”) coloca Harry na história para que vasculhe a mansão em busca do manuscrito.
Dividido entre a promessa da recompensa polpuda e a paixão genuína que descobre sentir por Joan, Harry mete os pés pelas mãos, arrumando mais confusão do que resolvendo.
Um personagem adoravelmente corrupto e incorrigível, no qual Jack Nicholson, excelente como sempre, deita e rola.
É sua presença, mais que qualquer outra coisa, que faz valer a espiada nesta comédia claudicante, de um humor indefinido e incapaz de se situar com mais solidez num gênero específico: Ela passeia com galhofa por circunstâncias de suspense ao estilo policial, flerta com a trama da irmã envolvida com a máfia para abandoná-la num ponto, aproveita e reaproveita informações acerca do psicopata que supostamente persegue Joan sem jamais tornar aquilo pertinente à narrativa, e no final das contas, só deposita alguma ênfase mesmo na química eventualmente boa de Nicholson e Barkin, embora aqui, ela deixe um pouco de lado a imensa adequação aos papéis de femme fatale descoberta no sucesso “Vítimas de Uma Paixão” para investir num trabalho cômico sem muito brilho.

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