sexta-feira, 7 de agosto de 2020

O Exótico Hotel Marigold 2

Reflexo condicionado da boa aceitação do primeiro filme –que encontrou seu público, adepto de comédias graciosas e inofensivas sobre as peculiaridades da meia-idade –o segundo filme, repete a fórmula de “O Exótico Hotel Marigold” dando continuidade à história de seus idosos personagens, ainda em busca do amor, da felicidade e da realização aparentemente descoberta no improvável cenário da Índia.
Todavia, a cena que abre o filme de John Madden se passa nos EUA: Nela, Sonny Kapoor (Dev Patel), o jovem proprietário do Hotel Marigold, e a Sra. Donnelly (Maggie Smith), que ao fim daquele filme tornou-se sua administradora, estão em viagem para encontrar uma junta representante de uma grande franquia de hotéis cinco estrelas –entre os quais vemos a participação especial de David Strathairn.
Tendo obtido singelo êxito com o hotel, o impulsivo e sonhador Sonny quer expandir obtendo assim uma parceria com hoteleiros de fama mundial, para construir um segundo e bem mais suntuoso Hotel Marigold.
Em regresso à Índia, e ao cenário usual do primeiro filme, ele e a Sra. Donnelly sabem que estão por receber o inspetor que avaliará se o Hotel Marigold tem condições de fazer jus à parceria –só não sabem quem esse inspetor será.
Para Sonny, não resta dúvida: Ele é certamente o escritor Guy Chambers (Richard Gere, em participação tão descontraída quanto luxuosa), e para tanto, Sonny o cobre de bajulações, embora o interesse romântico que Guy demonstre por sua mãe (Lillete Dubey) não lhe desça muito bem à garganta.
Como é significativo no formato plural do roteiro anterior, essa não é a única intriga a movimentar o filme: Além dessa questão empresarial, Sonny tem complicações com sua noiva Sunaina (Tina Desai), cujo casamento marcado para breve enfrenta alguns contratempos com a aparição de um velho amigo galante, sedutor e onipresente que lhe dá nos nervos.
E, claro, temos também o festejado elenco inglês de veteranos que, exceto por Tom Wilkinson, repetem todos os seus papéis: Evelyn (Judi Dench), que parecia ter reencontrado o amor com Douglas (Bill Nigh) no filme anterior, tem suas certezas tornadas aqui mais hesitantes e relutantes (atitude que reduz consideravelmente seu protagonismo nesta continuação), e tudo piora ainda mais quando a ex-mulher de Douglas, Jean (Penelope Wilton), retorna da Inglaterra com a filha dos dois –e um leque de histórias e conversas fiadas!
O metido a conquistador Norman (Ronaldo Pickup) encontrou na aparentemente doce Carol (Diana Hardcastle, de "Casamento de Verdade"), uma chance tardia para o amor; embora ele descubra que isso signifique submeter-se ao ônus de uma relação à dois imperfeita e inesperadamente liberal.
E, por fim, Madge (Celia Imrie) se lança à uma busca por sua cara metade; que parecem ser dois parceiros que ela persegue à bordo de um táxi, sem ter certeza de qual dos dois seguir ou  não –pela sua natureza elíptica e pouco envolvente, essa é a sub-trama mais frágil de um trabalho acometido pela complicação de sub-tramas frágeis.
Centrando muito de seu enredo desta vez no espalhafatoso Sonny –que no filme original era pouco mais que um alívio cômico –“O Exótico Hotel Marigold 2”, na tentativa de repetir o êxito até bastante inesperado do primeiro filme, retoma muitas das histórias outrora bem arrematadas dando a elas um aborrecido sabor requentado, aspecto disfarçado com a presença mais ostensiva do que pertinente de Richard Gere.
No fim das contas, uma continuação desnecessária.

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