Em diversas características, como tom de abordagem, paleta visual e atmosfera formal, este bom trabalho da diretora Nancy Weckler (que trabalhou como atriz em “O Uivo da Bruxa”) lembra muito “Almas Gêmeas”, de Peter Jackson, curiosamente lançado no mesmo ano de 1994, e tal como ele, inspirado em fatos reais.
Durante a década de 1930, numa cidade francesa,
as duas irmãs Papin, Christine (Joely Richardson) e Lea (Jodhi May), outrora
separadas na infância, voltam a conviver uma com a outra a partir do momento em
que passam a trabalhar juntas como empregadas domésticas na casa da abastada
Sra. Danzard (Julie Waters) que mora com sua filha Isabelle (Sophie Thursfield).
Zelosa para com a irmã mais jovem, Christine, a
mais velha, passa a orientá-la quanto à sua procedência dentro da casa. O filme
registra assim uma retomada de relação parental que, diferente do rumo ameno e
normal que poderia tomar, ganha alarmante intensidade –detalhe esse que, devido
à exaustão emocional e psicológica a elas imposta, galga para a tragédia a
medida em que, quando é percebido, esse desvio já não pode mais ser contido.
Este provocante drama de conotações feministas
dedica-se à duas observações distintas: Numa, está em foco a vida proletária
dos anos 1930, onde a ocupação como empregada chega às raias da escravidão;
noutra, a relação entre Christine e Lea que, do contrate entre as distinções de
personalidade –a primeira é impetuosa e tempestuosa; a segunda, submissa e
frágil –migra para uma dinâmica incontrolavelmente incestuosa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário