A década de 1970 teve tendências cinematográficas que embaralharam muitas definições de gênero: As mudanças de comportamento iniciadas na década anterior conduziram à algumas ousadias culturais que não tardaram a afetar o cinema, gerando obras já despidas de pudor e dando margem ao surgimento de realizadores pouco tradicionais, dispostos a forçarem os limites.
Sempre vivendo em nichos alternativos, reclusos
e obscuros, o gênero pornográfico começou, com isso, a ganhar holofotes tão
evidentes quanto o cinema convencional –e isso levou à obras que confundiam as
fronteiras de um e de outro. Com efeito, são desse período os fenomenais “O Último Tango Em Paris” e “O Império dos Sentidos”.
Foi também nesse período que essa junção de
fatores –uma preocupação mais saudável com a narrativa e com o visual estético,
em equilíbrio com a demanda de nudez e sexo do gênero –proporcionou ao diretor
Radley Metzger a realização de um filme de tal maneira caprichado e bem acabado
que hoje desfruta da talvez um tanto exagerada alcunha de “Cidadão Kane” dos
filmes pornôs.
“Opening Of Misty Beehoven” é, sem a menor
intenção de esconder, uma versão erótica do “Pigmalião”, de Bernard Shaw, tanto
quanto o foi o oscarizado “My Fair Lady” antes dele, e o bem-sucedido “Uma Linda Mulher” (além de inúmeros outros títulos) depois.
Dessa forma temos então o personagem de Seymour Love (Jamie Gillis) um
especialista em sexualidade que, diante de certo marasmo no qual se resumiu sua
vida burguesa e de uma eventual aposta feita com uma colega socialite, resolve
provar que pode pegar a mais mundana prostituta das ruas e converter numa
mulher sedutora da mais alta classe.
Tal escolhida vem a ser a própria
personagem-título Misty Beethoven (a sensacional Constance Money) que se
submete às inusitadas aulas prestadas por seu novo mentor que incluem etiqueta,
aprimoramento da própria imagem e novos truques sexuais.
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